Licitações e cargos da Prefeitura eram oferecidos em troca de cheques

Ameaças também marcam esquema

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Ameaças também marcam esquema

Os depoimentos prestados no período da tarde em audiência no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) levam a crer que mesmo antes de ocupar o lugar de Alcides Bernal (PP), o vice-prefeito Gilmar Olarte (PP) já loteava a Prefeitura de Campo Grande com promessas de cargos e facilitação em licitações em troca de cheques. Ameaças também fazem parte da trama.

O empresário Mauro Sérgio de Freitas, por exemplo, emprestou cheque de R$ 23 mil ao então assessor direto do pastor, Ronan Feitosa, em troca da promessa de que venceria processo licitatório com o Executivo. Mesmo sem retorno, ele, proprietário de uma metalurgia, acabou passando outros R$ 25 mil em dinheiro, aceitando a justificativa de que a verba seria para pagar documentação relativas às licitações.

Depois do último empréstimo, todos sumiram. Não houve mais contato com Ronan, Olarte ou a Polícia. “Não queria passar por outro constrangimento”, resumiu. O militar Acácio Pereira da Silva ficou em situação parecida. Conheceu o ex-assessor no bar e depois de quatro meses de aproximação forneceu 10 folhas de cheques em branco ao ‘amigo’. “Na época meu pai havia morrido e ele me deu muita força”, disse ao relatar o que parecia relação de confiança. 

Ao procurar a polícia soube que precisaria registrar Boletim de Ocorrência como roubo, mesmo tendo agido espontaneamente. Foi quando o levaram eu encontro de Bernal que, por sua vez, o acompanhou até a Polícia Federal. “Prestei depoimento e depois me liberaram”.

O aposentado Ito de Melo Andrade conheceu Ronan por meio do cobrador de sua fectoring, Mauro Alexsandro Sousa de Freitas. Neste caso a proposta tentadora foi para que a empresa prestasse assessoria financeira às fornecedoras da Prefeitura. Ao todo foram R$ 80 mil, R$ 70 mil em cheques e R$ 10 mil em dinheiro. Quando se deu conta de que seria enganado, ele procurou o ex-assessor, porém sem sucesso e acabou recorrendo a Mauro para achá-lo. A cobrança chegou a Olarte que prometeu “deixar tudo certo”.

Relações – Mauro é estudante de direito e trabalhou por cinco anos como cobrador de cheques sem fundos. Em janeiro de 2013 foi contratado por Ronan para resgatar duas folhas, cada uma de R$ 1.350, que havia expedido sem ter limite bancário. O profissional conseguiu recuperá-las a acabou se aproximando do ‘cliente’.

O homem de confiança do vice-prefeito perguntou se o cobrador conhecia pessoas que tinham interesse em trocar cheques e os dois deram início as negociações. Foram mais de R$ 200 mil, porém quando os valores começaram a voltar o estudante procurou Olarte.

Novamente a afirmação era de que “tudo iria se resolver” e quando o pastor tomou posse da Prefeitura lhe foi estipulado 120 dias para pagar, até o momento o débito ainda existe. Em depoimento Mauro contou que em 2014 chegou a depor à Polícia Federal e um dia antes foi procurado por pessoas ligadas ao vice-prefeito, todas em tom de ameaça como “toma cuidado com o que vai dizer no depoimento”.

Em todos os casos as ofertas de facilitação em troca dos cheques eram feitas com base em cargos e licitações no Executivo, tudo quando Olarte fosse prefeito. A desculpas quando as dívidas surgiam era de que tudo seria resolvido com ele no Paço Municipal.

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