Investigação contra vereadores e empresários tem 12 horas de depoimento
Nove vereadores foram ouvidos
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Nove vereadores foram ouvidos
O dia foi de muita movimentação na sede do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), localizada no Parque dos Poderes. Foram quase 12 horas de depoimentos. Após cumprir 17 mandados de busca e apreensão, o grupo ouviu ao decorrer desta terça-feira (25) nove vereadores, um ex-legislador e dois empresários e o diretor-presidente do IMTI. A investigação, batizada como Operação Coffee Break, um desdobramento da Lama Asfáltica, investiga a possível compra de votos para cassação do então prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP).
O primeiro a depor e ir embora foi Edson Shimabukuro (PTB), ele manteve o silêncio alegando que o processo está em segredo de Justiça. Segundo o promotor Marcos Alex Vera a ordem das oitivas foi feita com base na idade e situação de saúde de cada depoente. Sendo assim, o segundo a deixar o local foi o líder do prefeito afastado de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP), na Câmara Municipal, Edil Albuquerque (PMDB).
Airton saraiva (DEM) foi liberado logo em seguida e quebrou o silêncio. “O depoimento foi muito tranquilo, nós conversamos sobre a cassação do ex-prefeito Alcides Bernal”, disse. O democrata ainda acrescentou que já esperava por esse depoimento e reforçou não haver esquema de compra de votos no processo de cassação. “Muito pelo contrário, eles ganharam isso no voto, essa história de compra de votos é conversa da oposição”, completou. Gilmar da Cruz (PRB) foi o quarto a sair do Gaeco e preferiu não se pronunciar.
Já no começo da tarde foi a vez de Waldecy Chocolate (PP) ir embora. Antes engrossou coro dos colegas assegurando não ter existido esquema para derrubar Bernal. Paulo Siufi (PMDB) saiu em seguida. O peemedebista, que foi presidente da CPI do Calote e culminou na Comissão Processante que afastou o progressista, reforçou a questão do segredo de Justiça, mas se disse surpreso com o afastamento de Olarte.
Vereador licenciado, Jamal Salem (PR), afirmou desconhecer o termo ‘cafezinho’ para simbolizar propina. “Sempre chamei meus amigos para tomar café, faço isso há 20, 30 anos, mas é para tomar café mesmo”, disse. Ele esclareceu torcer para que Olarte retorne ao Paço e até cogitou aposentadoria após o término deste mandato. “Já tenho quase 60 anos”, comentou.
Carlos Borges (PSB) garantiu ter escolhido seu voto na manhã do dia da cassação. “Estou tranquilo. Fui favorável porque não tinha como votar diferente diante daquele relatório. Eu fui chamado hoje aqui porque alguém disse meu nome, mas vão ter que provar”, afirmou referindo-se ao relatório produzido pela Comissão Processante.
João Baird, proprietário da Itel Informática, também integra a lista de depoentes, mas se manteve em silêncio ao deixar a sede do Gaeco no meio da tarde de hoje. João Amorim, dono da Proteco Construções, aderiu a mesma tática. A imprensa tentou abordá-lo com várias perguntas, mas seu advogado se limitou a dizer que “não falaria neste momento”.
O ex-vereador Alceu Bueno (sem partido) foi o penúltimo a ser liberado no começo da noite e se disse tranquilo. “Sou só empresário agora”, afirmou. O ex-legislador renunciou ao cargo depois de se envolver sexualmente com duas menores. O presidente da Câmara Municipal afastado nesta manhã, Mario Cesar (PMDB), deixou o Gaeco quase duas horas depois de Alceu.
O peemedebista classificou como ‘exagerada’ a ordem que o afastou da Casa de Leis e já recorreu à Justiça para retomar o posto. Como todos os outros, ele negou que a cassação tenha sido orquestrada e garantiu ser a vontade da população de Campo Grande.
Fábio Portela Machinsky, diretor de administração e finanças do IMTI (Instituto Municipal de Tecnologia da Informação) foi o último a sair da sessão de depoimentos e não quis falar com a imprensa. Todos eles almoçaram na sede e tiveram os celulares apreendidos. Os aparelhos dos vereadores do PTdoB, Flávio César, Eduardo Romero e Otávio Trad, também foram pegos pelo grupo.
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