Simone Tebet deve compor grupo dos independentes do partido com colega de bancada Moka

A presidente Dilma Rousseff não vai um segundo mandato com a mesma calmaria a partir deste ano no Senado. O governo já se prepara para enfrentar uma oposição mais combativa e uma base aliada pouco fiel com a ajuda dos senadores do PMDB de Mato Grosso do Sul.

No PMDB, os independentes perderão Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE), que encerrarão seus mandatos, mas devem ganhar o reforço de Simone Tebet (MS), Rose de Freitas (ES) e Dário Berger (SC).

Em alguns casos, integrantes da base aliada fazem oposição ou adotam postura independente do Planalto por questões regionais. “Não me considero de oposição, mas sou muito independente em relação às votações. O primeiro a saber quando não posso votar (com o governo) é o líder da minha bancada. No meu estado o PT é nosso adversário”, disse Waldemir Moka (PMDB-MS).

Segundo o jornal O Globo, formalmente, os partidos que não apoiaram a reeleição da presidente Dilma somarão 29 senadores no próximo ano e a base aliada, 52. Na prática, porém, o governo trabalha com um cenário em que a oposição para valer contará com 20 integrantes no Senado e a base de apoio terá, a princípio, 39. Nesse mapeamento, 22 senadores serão independentes ou condicionarão seu apoio na votação de projetos ou em Comissões Parlamentares de Inquérito ao diálogo com o Palácio do Planalto, sem alinhamento automático.

Integrantes da base aliada afirmam, no entanto, que essa correlação de forças pode ser implodida pela operação Lava- Jato, da Polícia Federal, que investiga esquema de pagamento de propina a partidos políticos na Petrobras. Deputados e senadores esperam uma avalanche no Congresso. Até agora foram presos executivos de empreiteiras e ex-diretores da Petrobras.

Esses números da composição do novo Senado foram citados pelo ex-presidente Lula em reunião com os senadores do PT no mês passado. Lula não engole até hoje a derrubada da CPMF pelo Senado em sua gestão, e está preocupado com a nova composição da Casa.

“A nossa senadora eleita, Fátima (Bezerra, PT-RN) veio com vontade de brigar e o povo de Goiás deu de presente pra ela o (Ronaldo) Caiado (DEM-GO) para ela enfrentar logo de cara”, incensou Lula, em evento do PT.

Apesar de numericamente em desvantagem, a oposição estará mais qualificada, com o reforço de nomes de peso como José Serra (PSDB-SP), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Ronaldo Caiado (DEM-GO). E os oposicionistas também apostam nas defecções na base aliada.

“A base do governo no Senado é encabulada, e a oposição vai trazer gente mais aguerrida. A oposição vai voltar a dar rumo às iniciativas do Senado”, acredita o líder do DEM, José Agripino.

A oposição, no entanto, também tem suas deserções. O PTB, que desembarcou do governo na véspera da oficialização da candidatura de Dilma à reeleição para apoiar Aécio Neves (PSDB), já está de volta. O senador Armando Monteiro (PTB-PE) será ministro do Desenvolvimento.

Apoio sem ‘amém’

O PSB, que disputou a presidência da República com Marina Silva e terá uma bancada de seis senadores, adotará uma postura de independência, e não de oposição. A bancada do PSB da Câmara é mais oposicionista do que a do Senado, que tem como integrantes nomes historicamente ligados ao PT. Os defensores de uma postura independente argumentam que a oposição já tem um líder, o senador Aécio Neves (MG), e que o partido ficaria a reboque.

Derrotada na disputa pelo governo do Rio Grande do Sul, a senadora Ana Amélia (PP-RS) é uma das que continuará na linha de frente dos independentes da base aliada, com viés oposicionista.

“Para o Brasil, vai ser melhor o Senado vai ter uma oposição com mais visibilidade e mais protagonismo. Estamos sufocados com as medidas provisórias, é a UTI da relação institucional. O governo vai ter que ser mais competente politicamente”, afirmou Ana Amélia.

No PDT, o senador Cristovam Buarque (DF) contará com o reforço de Reguffe (DF), eleito agora, na ala dos independentes. O presidente do partido, Carlos Lupi, relativiza a rebeldia de parte da bancada: “ O partido continuará a apoiar o governo, mas isso não quer dizer amém para tudo”.

Senadores do PT preveem que o debate será mais difícil tanto pelo resultado da eleição presidencial, que deu fôlego à oposição, quanto pelos quadros do PSDB e do DEM que foram eleitos. Mas os petistas também veem um lado positivo no time de estrelas que vai integrar a bancada oposicionista. Apostam que as negociações serão de mais alto nível.