Para o pedetista nomeação de ex-gerente não interfere na Comissão

O ex-diretor de relacionamento com o Poder Público da Enersul, Valter José Bortoletto, é o atual chefe de gabinete do deputado estadual Beto Pereira (PDT), e já foi subordinado do pai do parlamentar, o ex-senador Valter Pereira, que presidiu a concessionária quando esta pertencia ao Executivo Estadual.

Apesar das coincidências, Beto Pereira trabalha para ser o relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) criada para investigar o suposto ‘Mensalão’ da Enersul, esquema de pagamento de propina para pessoas físicas e jurídicas que teria desviado mais de R$ 700 milhões dos cofres públicos e favorecido políticos, empresas e apadrinhados de gabinetes oficiais.

Bortoletto afirmou à reportagem do Jornal Midiamax que seu trabalho com Beto Pereira não prejudica a investigação de seu ex-, pelo fato de ter se desligado dela ‘há muito tempo’.

“Eu me desliguei há muito tempo (da Energisa, empresa que comprou a Enersul). A gente só ouve falar (do Mensalão), nada comprovado”, afirmou. Questionado sobre o ‘muito tempo’, ele respondeu que saiu em janeiro de 2015 da concessionária, a menos de três meses.

Na verdade, Bortoletto que respondia pelo relacionamento da empresa com os gestores públicos e com parlamentares, deixou a Energisa em fevereiro deste ano, mesmo mês em que foi nomeado ‘Assessor de Gabinete Parlamentar XX, símbolo PLAP.07.20 ‘.

Não consta no Portal de Transparência da Assembleia a tabela de remuneração dos servidores da casa, todavia, alguns funcionários da Casa procurados pela reportagem apontaram que tal símbolo recebe um salário mensal de aproximadamente R$ 11 mil.

Já Beto Pereira, diferente de seu chefe de gabinete, aponta que Bortoletto não pediu demissão, mas sim foi demitido da empresa, e que inclusive já teria ingressado com uma ação trabalhista contra a Energisa em meados de janeiro, antes mesmo de sua saída oficial.

“Não interfere em nada na minha investigação (nomeação de Bortoletto), que vai ser pautada pela isenção e nos documentos comprobatórios. Não vou titubear com a responsabilidade que me está sendo confiada”, afirmou o pedetista, revelando que seu assessor teria sido demitido depois de ‘30 anos de casa’, ou seja, desde 1985.

A Energisa foi procurada para informar como se deu, de fato, a saída de Bortoletto, porém não retornou o contato até o fechamento da matéria.

Comissão

A CPI foi proposta pelo deputado estadual Marquinhos Trad (PMDB), depois que uma auditoria apontou desvios e a existência de um ‘mensalão’ a dezenas de pessoas. O documento foi feito com base em ofícios do peemedebista e do ex-deputado federal Fábio Trad (sem partido).

A pedido da Câmara de Valores Mobiliários, a PwC (PricewaterhouseCoopers) auditou as contas da Enersul e descobriu indícios de pagamento de propina durante os anos de 2010 a 2015, que podem ter desviado R$ 700 milhões.