Carro utilizado pela UCV/MS estaria com parcelas atrasadas e na iminência de busca e apreensão

Em dezembro de 2013 Alexandre Piesco, morador de Dourados-MS, distante 230 Km de Campo Grande teve a feliz notícia de que o carro da esposa teria sido vendido. A negociação foi intermediada por um vizinho, dono de uma garagem, com menos de uma semana de oferta, algo que era visto com bons olhos em virtude do momento que a família passava, de perda de um ente. No entanto a transação comercial, que ocorreu com o vereador Jeovani Vieira (PSD), não foi tão oportuna assim. O político sumiu da vida de Alexandre e teria atrasado parcelas do carro, que colocou o nome de Andreia Giaretta Chaves em dívida ativa. 

“´Tínhamos acabado de perder o meu sogro, e existia a necessidade de vender o carro rápido por isso recorri ao meu vizinho quem eu não tinha o conhecimento de ser alguém acusado de estelionato já. Os filhos dele estudam com os meus filhos e o garagista é amigo do Jeovani. Durante a transação eu estava em São Paulo à trabalho e recebi o telefonema em que fui informado da venda para o Jeovani, presidente da UCV, e uma personalidade que me foi passado com credibilidade. Lamentavelmente foi o contrário”, reclama Alexandre que busca na Justiça o direito de ser ressarcido pelo prejuízo material e moral, assim como a devolução do veículo ao banco responsável pelo financiamento do bem.

O bem em questão trata-se de um Peugeot 207 SW, ano 2010, que no momento pode estar circulando com documentação atrasada, parcelas pendentes de pagamento do financiamento e com iminência de ser solicitado pela financeira por busca e apreensão. O carro de cor preta, tem nas portas o adesivo da União das Câmaras de Vereadores de Mato Grosso do Sul (UCV-MS), sendo utilizado pela equipe de Jeovani em todo os congressos da entidade.

 É por meio dos eventos para parlamentares, custeados em boa parte com diárias dos vereadores, que a UCV-MS sobrevive. Vereador por Jateí, Jeovani é presidente da entidade há dois mandatos. Segundo a esposa, Cristiane Klen, que também é vereadora só que por Glória de Dourados (a 224 Km da Capital), Jeovani estaria em Brasília-DF no momento, o que justificou a dificuldade da reportagem em encontrá-lo. Nem ela ou a funcionária da UCV-MS, identificada como Sheila Fernanda alegaram saber de qualquer problema com o carro utilizado pela entidade.

 Já na versão passada ao Midiamax por Alexandre, Sheila teria solicitado a ele informações sobre os atrasos de pagamentos de parcelas ou de documentação do carro para regularizar a situação. No entanto, a boa vontade em resolver a situação barrou posteriormente em Jeovani que não liberou o pagamento. Alexandre diz já ter tentado na Polícia registrar boletim de ocorrência por estelionato, mas não obteve sucesso na abertura de um inquérito.
 
“É muita impunidade. Ele sequer me atende e já faz mais de um ano essa história. Esperava que o partido dele pelo menos (o PSD) acompanhasse a situação, mesmo sendo da UCV, ou algo particular do Jeovani, pois se trata de uma conduta errada dele como pessoa pública. A minha família está sendo prejudicada, e não foi cumprido o que se negociou. A entidade que usa o veículo tem dinheiro”, questiona o ex-dono do Peugeot 207 SW.

Por ano a UCV-MS organiza pelo menos dez congressos no Estado, sendo boa parte deles na Capital, onde a presença de parlamentares inscritos é grande nas conferências que variam de sede. No eventos de maior sucesso a entidade chega a colocar em auditório até trezentos participantes, ao custo médio de inscrição de R$ 200,00. A diária para viagens de boa parte dos vereadores de cidades do Interior de Mato Grosso do Sul é de R$ 500,00, que em capacitações da UCV-MS podem render nos três dias de Congresso uma verba extra ao parlamentar de R$ 1500,00. 

“O PSD não pode se envolver diretamente na questão mas acompanha os acontecimentos por se tratar de um membro do partido. O Conselho de Ética depois de receber a denúncia passou a avaliar a situação mas dentro da esfera institucional que cabe a nós”, afirmou sobre o caso o integrante da Executiva do PSD, Múcio Marinho, que ao Midiamax respondeu que para vender um carro seu ou outro bem de alto valor checaria primeiro as informações do comprador, se este fosse o vereador Jeovani Vieira, a quem ele afirmou ter tido pouco contato até hoje.

Alexandre pretende vir a Campo Grande no dia 26 de fevereiro, data que a UCV-MS deve realizar um de seus congressos, programado para ser nesta edição no Auditório do Sesc Horto, na Rua Anhanduí, 200, Centro. Na ocasião ele tentará encontrar o vereador Jeovani dos Santos para resolver o problema do veículo avaliado em R$ 22 mil.