Marquinhos reclama de boicote e diz que deputados estão mudando costumes

O deputado Paulo Corrêa (PR) deve ser mesmo o presidente da CPI da Enersul, da Assembleia Legislativa. Tudo indica que ele será o presidente e escolherá o deputado Beto Pereira (PDT) para a relatoria, confirmando o que já tinha sido divulgado pelo Midiamax no começo da semana.

Na segunda-feira a reportagem divulgou que em reunião na casa do deputado Maurício Picarelli (PMDB), na semana passada, deputados teriam discutido a possibilidade de abortar a CPI, mas acabaram recuando. Segundo Marquinhos Trad (PMDB), como condição para continuidade, deputados aliados de Reinaldo Azambuja (PSDB) decidiram escolher o presidente e relator da CPI, antes mesmo da indicação dos nomes.

A denúncia do deputado veio a se confirmar nesta quinta-feira (2), quando os deputados Beto Pereira e Onevan de Matos (PSDB) confirmaram que votarão em Paulo Corrêa. Beto Pereira disse que Paulo pediu o voto dele para presidente, alegando que já presidiu a outra CPI. Ele topou e agora espera que o deputado retribua, indicando-o para a relatoria.

Já Onevan de Matos disse à reportagem que acompanharia a maioria. Porém, quando informado que Beto Pereira já tinha declarado voto em Paulo Corrêa, confirmou que ficará com a base e também escolherá o deputado do PR como presidente.

A eleição de Corrêa e Beto pereira confirma a denúncia feita por Marquinhos. A reportagem ligou para Beto Pereira na semana passada, mas ele negou qualquer acordo antecipado. Hoje ele voltou a dizer que não houve acordo e prometeu denúncia aprofundada. “Não vou estar confabulando para eventual pizza. De jeito nenhum”, afirmou.

O deputado Marquinhos Trad alega que colegas estão fazendo um complô para tirá-lo das investigações. Ele acredita que só vai participar da CPI porque foi o autor do pedido de abertura e diz que nunca aconteceu de alguém que propõe uma CPI não ser o presidente.

 A CPI terá como integrantes os deputados Paulo Corrêa, Beto Pereira, Onevan, Marquinhos e Pedro Kemp (PT). A reunião para escolha do presidente e relator está marcada para a próxima semana.

O caso

Dos 24 parlamentares, 20 foram favoráveis a criação da CPI para investigar denúncias de irregularidades na Enersul. As supostas irregularidades foram apontadas por uma auditoria que revelou, entre outros pontos, 35 nomes que aparecem numa “lista confidencial”, como supostos beneficiários de um esquema de desvio de verbas – será investigado, ainda, se houve participação de políticos nas irregularidades.

A investigação foi feita pela PWC (Pricewaterhouse Coopers), a pedido da Comissão de Valores Mobiliários, após requerimento de Marquinhos e o então deputado federal Fábio Trad, irmão dele. Também será alvo de investigação supostas gratificações milionárias pagas a ex-diretores de 2010 para cá. Os valores das gratificações chegam a R$ 2 milhões, segundo Marquinhos Trad.

Ainda segundo o parlamentar, a Energisa, empresa que comprou a Enersul em 2013 e assumiu ano passado, sabia do suposto esquema. O grupo teria conhecimento e mesmo assim dado continuidade às irregularidades. A empresa, no entanto, em nota oficial, nega qualquer envolvimento com o suposto esquema e afirma que os dados dizem respeito ao período anterior à sua gestão em Mato Grosso do Sul.