Para Marun, pressão do governo não deverá surtir efeito 

A semana política que começa nesta terça-feira (13) em Brasília promete ser ainda mais conturbada que a anterior. O presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB), anunciou no domingo (11) que vai decidir nesta terça-feira (13) se aceita ou não pedido de impeachment da presidente (PT) protocolado na Casa pelos advogados Helio Bicudo e Miguel Reale Junior. Helio Bicudo que é um dos fundadores do PT (Partido dos Trabalhadores), e rompeu com partido em 2005 quando escândalo do mensalão veio à tona.

Se por um lado Dilma está na berlinda, por outro, Cunha está na mira do STF (Supremo Tribunal Federal), que investiga seu envolvimento no escândalo do Petrolão, e da PGR (Procuradoria Geral da República). A oposição, formada por PSDB, DEM, PSB, PPS e Solidariedade, interessada na aprovação do pedido de impeachment, tem articulado nos bastidores apoio a Cunha para que ele faça impeachment emplacar na Casa, porém, na semana passada, emitiu nota defendendo afastamento do presidente alegando que assim “ele poderia exercer, de forma adequada, seu direito de ampla defesa”.

Para o deputado federal Carlos Marun (PMDB), um dos representantes de Mato Grosso do Sul em Brasília, o pedido de afastamento de Cunha e as denúncias contra ele podem ser “tiro no pé”, já que não há ainda provas suficientes para comprovar envolvimento do presidente com esquema de recebimento de propina para “facilitar” desvios de verbas em contratos superfaturados da Petrobras.

Marun, que faz parte do grupo de 22 parlamentares do PMDB que rompeu com governo Dilma, pondera que é preciso cautela para analisar denúncias contra Cunha. “O presidente goza de prestígio na Casa, e essa denúncia da PGR que fez de Cunha principal alvo da Lava Jato, o tornou protagonista, precisa ser comprovada. O pensamento do governo é de que ele se tornaria tão fraco que não poderia aceitar pedido de impeachment. Eu acho contrário. Cunha é uma pessoa inteligente, conhece legislação, ele pode analisar bem o pedido e se tiver segurança acredito que possa dar andamento”.

O peemedebista pondera que as denúncias contra Cunha são carentes de provas, e relembra o estardalhaço feito às vésperas do depoimento de Fernando Baiano sobre envolvimento de políticos do PMDB no esquema do Petrolão, que, no fim das contas, na avaliação do deputado, foi minimizado diante da citação, por Baiano, do envolvimento do filho do ex-presidente Lula no caso. “Vejo esse caso do Cunha como caso da delação do Baiano, todo mundo falava que Fernando Baiano era operador do PMDB que quando ele falasse não sobraria ninguém no PMDB e quando ele falou, denunciou Lulinha, então ressalto que denúncias assim precisam de provas.”