‘Vou ter que assinar mesmo’, diz presidente da comissão de obras da casa

Faltam somente duas assinaturas para a Câmara Municipal autorizar a instauração uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar, entre outras coisas, se dinheiro público é gasto à toa em operações tapa-buracos em Campo Grande. No que depender da Comissão Permanente de Obras da casa, a investigação no âmbito legislativo é inevitável se o titular da Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação), Valtemir de Brito, não entregar os balancetes e documentos solicitados até quinta-feira (19) – o prazo inicial era sexta (13).

“Eu, por exemplo, não tenho nem condição de não assinar, vou ter que assinar mesmo”, afirma o presidente da Comissão de Obras, vereador Carlão (PSB), ouvido sobre o assunto na manhã deste sábado (14). Caso o chefe da Seintrha não entregue ou só envie informações parciais sobre contratos entre empreiteiras e Prefeitura, o restante do grupo deve assinar o requerimento de abertura da CPI, de autoria dos vereadores Paulo Pedra (PDT) e Ribeiro (PPS), afirma o pessebista.

Parte da comissão já foi convencida da necessidade de instaurar a CPI e assinou o documento. É o caso dos vereadores Ayrton Araújo (PT) e Chiquinho Telles (PSD) – este último assinou na quarta-feira (11). “Ou ele [secretário] providencia esse balancete ou nós vamos ter que reunir o grupo [de vereadores] e, pelo menos da comissão de obras, quem não assinou a CPI, vou pedir pra assinar”, disse. São necessárias 10 assinaturas para abrir o inquérito.

Faltaria, ainda, convencer os vereadores Alceu Bueno (PSL) e Engenheiro Edson (PTB), que também integram a comissão, responsável por discutir propostas na área e fiscalizar o Executivo, no que se refere à atuação no setor. O primeiro, no entanto, é um dos parlamentares que mais se mostram contrários a investigação, ao afirmar que é contra ‘qualquer CPI’. Com a assinatura de Carlão, faltaria só uma para ser aberta.

Até agora a investigação recebeu autorização dos vereadores Luiza Ribeiro, Paulo Pedra, Thaís Helena (PT), Alex do PT, Cazuza (PP), José Chadid (Sem partido) e os dois parlamentares da Comissão de Obras, Ayrton e Chiquinho.

Carlão menciona a pressão em aderir à CPI, até “pela população e imprensa que cobram”, mas que o secretário de Obras “tem boa vontade em entregar a documentação”. “Ele pediu tempo para que os documentos não venham com erro, porque se vier algo com erro, ele ‘ta’ ferrado, tem que ler e reler, para mandar. Depois que chegar na Câmara e tiver errado ai vira CPI mesmo. Vira até prisão”.

Tapa buraco fantasma

O vídeo onde um funcionário aparece aplicando massa asfáltica em um trecho sem irregularidade foi divulgado próximo da volta dos trabalhos no legislativo municipal. Desde então, a polêmica virou assunto entre a oposição, que defende a CPI, enquanto vereadores da base de apoio do prefeito Gilmar Olarte (PP) manobram para evitar a medida, considerada por alguns como rígida e último caso.

O secretário de Obras participou de audiência com os vereadores na segunda-feira (9). Sem resposta e documentos em mãos, o titular pouco explicou e respondeu aos questionamentos, solicitando prazo e cópia da reunião, para que pudesse devolver as perguntas por meio de documentos.

Os parlamentares querem saber, por exemplo, detalhes de como é feita a fiscalização do serviço, além de aditivos e contratos entre a Prefeitura e empresas prestadoras do serviço.