Calado diante da Lama Asfáltica, Puccinelli aparece para falar de saúde

Ex-governador usou rede social para rebater acusações

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Ex-governador usou rede social para rebater acusações

O ex-governador André Puccinelli (PMDB) rompeu o silêncio. Porém, não foi para falar da Operação Lama Asfáltica, que colocou a gestão dele na mira da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União.

O ex-governador usou a rede social apenas para se defender de acusações de que não teria aplicado o valor mínimo em saúde. “Diante das notícias de que o Estado deixou de aplicar recursos na saúde, esclareço que nada disso procede. As contas do exercício de 2014 foram aprovadas pelo Tribunal de Contas (TCE ) e as dúvidas surgidas em 2013 também foram afastadas por outra decisão do TCE (acórdão) assegurando que nada foi feito fora dos limites da lei”, justificou.

A justificativa de Puccinelli não é aceita pelo Ministério Público Federal, que pretende obrigar o atual governador, Reinaldo Azambuja, a investir R$ 374,4 milhões em saúde ainda neste ano para sanar irregularidade cometida por Puccinelli. O órgão ajuizou ação na Justiça para obrigar o Estado a investir o montante em ações e serviços públicos de saúde até o fim de 2016, podendo ser pago em até cinco parcelas.

O Tribunal de Contas do Estado aprovou, com oito ressalvas e cinco recomendações, as contas do governo do Estado referentes ao ano de 2013, alegando que Puccinelli deixou de aplicar recursos na área da Saúde.  Segundo a conselheira Marisa Serrano, o mínimo previsto era de 12%, mas o valor aplicado chegou aos 8,44%. Porém, Puccinelli incluiu outros investimentos que considerou como aplicados na Saúde.

Lama Asfáltica

O ex-governador continua calado sobre a Operação Lama Asfáltica, que colocou em xeque os contratos dele com as empreiteiras de João Amorim. Na avaliação da Polícia Federal, Amorim contou com a ajuda da gestão de Puccinelli para montar uma organização criminosa que atuava em várias obras do governo do Estado, com direcionamento de licitação e superfaturamento.

Puccinelli estava entre os oito citados pela Polícia Federal como integrantes de uma organização criminosa comandada pelo empreiteiro João Amorim. O governador, descrito como “muito cauteloso ao telefone”, estava na lista dos que o delegado Marcos André Araújo Damato considerou que precisariam ser presos temporariamente.

Além de Puccinelli, integravam a lista o ex-deputado federal Edson Giroto (PMDB), Maria Wilma Casanova, adjunta na Secretaria de Obras, Hélio Yudi, fiscal terceirizado, Marcos Puga servidor da Agesul, Beto Mariano, Edmir Fonseca Rodrigues, Márcia Alvares, Newton Stefano e André Luiz Cance.

O Ministério Público Federal chegou a dar parecer favorável a prisão temporária, por cinco dias, dos oito, e para prisão preventiva de Amorim, Elza Araújo (sócia dele) e Rômulo Menossi. Porém, o juiz federal Dalton Igor Kita não autorizou, alegando que não havia indícios de materialidade e autoria da prática de ilicitude.

O juiz ressaltou que Puccinelli foi citado por duas interceptações onde o secretário adjunto da Fazenda, André Luiz Cance, falava sobre a “alvorada e alvorecer”, que seria,segundo a Polícia Federal, referente a contrato com a Gráfica Alvorada, firmado no final da gestão dele; por viagens no avião de Amorim e por doações de campanha, mas ainda não autorizou a prisão, nem a apreensão de documentos na residência.  “Os indícios não são suficientes para busca e apreensão”, alegou o juiz.

No inquérito, o governador é citado como cauteloso por ter evitado contato com João Amorim, embora, segundo a polícia, tenham sido obtidos elementos que, ao ver deles, demonstram que ele recebeu propina da Gráfica Alvorada, em situação envolvendo a Organização Criminosa de João Amorim. A CGU e a Polícia Federal encontraram desvio de R$ 11 milhões em apenas três contratos investigados. Agora, procuram desvios em outros contratos do governo de Puccinelli com Amorim.

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