O prefeito de Campo Grande ainda tem chances de não ser cassado pela Comissão Processante, basta convencer os vereadores a não votarem pela cassação durante duas horas que terá para se defender de supostas irregularidades

Mesmo com a autorização pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para a volta da sessão de julgamento do relatório final da Comissão Processante, o prefeito (PP) ainda tem chances de não ser cassado. Isso porque a maioria dos vereadores alegou ao Midiamax que o prefeito ainda pode convencê-los a não votarem pela cassação.

Bernal terá duas horas para se defender das acusações de irregularidades administrativas apontadas pela Comissão. Na última sessão de julgamento, que foi cancelada por decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, o prefeito enviou a defesa por escrito, que nem chegou a ser lida.

“Sou oposição, mas uma oposição responsável. Meu voto depende da exposição do prefeito. Pode ser que ele me convença. A cassação não é a única forma de se resolver”, analisou o vereador Eduardo Romero (PTdoB), que foi um dos que votaram a favor da abertura da Comissão Processante.

No grupo dos que também esperam ser convencidos estão Chocolate (PP), que surpreendeu no passado com o voto pela abertura da Processante mesmo sendo base do prefeito à época, pois agora se diz independente, igual aos membros do PSDB, que também esperam a defesa de Bernal.

“Não posso manifestar meu voto antes da hora, porque isso será um pré-julgamento, mas que espero que o prefeito apresente razões concretas para não ser cassado”, ponderou João Rocha (PSDB), que ultimamente se declarou indignado com a gestão de Bernal que migrou seus parentes – que são concursados – de setores da Prefeitura.

Os tucanos já foram da base do prefeito, mas saíram e se dividiram quando votaram sobre a abertura da Comissão Processante, sendo Rocha contra e Rose Modesto a favor da investigação. “Há muito tempo não ouço o prefeito falar conosco, falar com a Câmara. Ele precisa apresentar seus argumentos, mostrar documentos e se defender”, afirma Rose.

Contra a cassação

Já contra a cassação estão os vereadores da base: Alex do PT, Zeca do PT, Airton Araújo (PT), Cazuza (PP), Luiza Ribeiro (PPS), Gilmar da Cruz (PRB). Quem surpreende contra a cassação é Paulo Pedra (PDT) e Edson Shimabukuro, que ao contrário de todos da base, tinham votado a favor da abertura da Comissão Processante.

“A cassação é uma mula-sem-cabeça e eu estou na articulação. Quem quer ganhar do Bernal, que ganhe daqui a três anos com votos”, alfinetou Pedra.

A favor da cassação

Os cinco peemedebistas estão na lista dos vereadores que vão votar pela cassação. A informação é da presidente municipal do PMDB, vereadora Carla Stephanini.

“O relatório já é de nosso conhecimento e apresentou fortes indícios de irregularidades. O PMDB teve como presidentes o da CPI da Inadimplência (Paulo Siufi) e o da Comissão Processante (Edil)”, analisou Carla sobre a confiança no trabalho feito.

Com isso Bernal já perde os votos de: Carla, Vanderlei Cabeludo, Edil Alburquerque, Paulo Siufi, além do voto do presidente da Câmara, Mario Cesar, que também vota, segundo sua assessoria.

Para Otávio Trad não se pode negar as irregularidades apontadas pelo relatório, sinalizando que deve votar a favor da cassação, assim como votou pela abertura da Comissão. “Só espero que dessa vez Bernal use seu tempo de defesa para entrar no mérito, porque até agora ele não se explicou”, alfinetou Trad. Já Flávio César (PTdoB), relator da Processante, votará pela cassação.

“Só Deus para salvar o Bernal”, disse Chiquinho Telles (PSD) que votará a favor da cassação. Os votos dos outros membros do PSD (Coringa e Delei Pinheiro) devem acompanhá-lo devido a oposição já declarada e votação passada pela abertura da Comissão.

Alceu Bueno (PSL) disse que está “orando, pedindo a Deus para não errar. Mas ele [Bernal] não muda”.

O Midiamax tentou entrar em contato com os vereadores Dr. Jamal (PR), Grazielle Machado (PR), Airton Saraiva (DEM), Carlão (PSB), mas eles não atenderam e nem retornaram as ligações. A sessão de julgamento do relatório final ainda não tem data marcada.