A reunião entre a presidente Dilma Rousseff e o vice Michel Temer no domingo não foi suficiente para debelar a crise entre PT e PMDB, e a presidente terá uma nova rodada de conversas nesta segunda-feira com peemedebistas para tentar assegurar que os dois partidos manterão a aliança para as próximas eleições.

Em encontro de aproximadamente duas horas, Dilma e Temer trataram dos principais atritos entre as duas legendas na montagem dos palanques estaduais, na reforma ministerial e sobre as dificuldades na relação do governo com os partidos aliados, em especial com o PMDB, no Congresso, segundo relato de um peemedebista ouvido pela Reuters.

A fonte, que falou sob condição de anonimato, não deu detalhes sobre quais aspectos foram analisados e nem quais soluções foram encontradas para assegurar que o PMDB continuará apoiando o projeto de reeleição da presidente. Apesar disso, o peemedebista afirmou que Temer está otimista na manutenção da aliança.

Nesta segunda, Dilma vai se reunir com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e o líder da bancada na Casa, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) e, em seguida, receberá o presidente do partido, senador Valdir Raupp (RO) e o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Temer também estará nos encontros.

Parte dos problemas do governo com o PMDB decorre da má relação com os parlamentares da legenda aliada. As dificuldades são mais evidentes na Câmara, e Dilma tenta evitar que se alastrem para o Senado. Esse é um dos motivos para a petista fazer negociações separadas com os peemedebistas.

Nos encontros, a presidente tentará reforçar a aliança com os principais caciques peemedebistas para isolar o líder do partido na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que tem verbalizado as principais críticas ao governo e colocou em dúvida a aliança entre PT e PMDB para a disputa eleitoral deste ano.

Os problemas na relação entre o governo e o PMDB não são recentes, mas chegaram ao ápice nos últimos dias com trocas de acusações e xingamentos entre membros dos dois partidos, envolvendo principalmente Cunha e o presidente do PT, Rui Falcão.

Cunha conseguiu mobilizar um grupo de integrantes de legendas aliadas no Congresso, que ficou conhecido como blocão, para tentar impor derrotas ao governo e convocou uma reunião da bancada para a próxima terça-feira, em que não está descartada a decisão de romper com o Executivo. Dilma tentará desarticular esse movimento.

A presidente também tenta evitar que a crise, agravada pela insatisfação do PMDB com a reforma ministerial, reforce uma ala descontente do partido que articula a realização de uma convenção nacional em abril para deliberar sobre a manutenção do apoio à reeleição de Dilma.

Membros dos diretórios regionais do PMDB na Bahia e no Rio de Janeiro já declararam publicamente descontentamento com a aliança nacional com o PT, e conseguiram nos últimos dias a simpatia de outros diretórios.

Preocupada com a escalada da crise com seu principal aliado no Congresso, Dilma pediu ajuda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada para evitar a perda do apoio do PMDB. Lula assumiu na semana passada parte das articulações com os peemebebistas.
O ex-presidente foi o principal fiador da aliança entre PT e PMDB para a eleição de Dilma em 2010, a ponto de peemedebistas também terem pedido seu envolvimento direto na articulação desta vez.