Autor da primeira lei contra a homofobia em Mato Grosso do Sul, o deputado estadual Pedro Kemp (PT) repudiou, na sessão desta terça-feira (16), o pronunciamento feito pelo vereador de Dourados, Sérgio Nogueira (PSB), que propôs manter os homossexuais em uma ilha por 50 anos.

Kemp afirmou que um parlamentar tem trabalhos muito mais relevantes a ser feito do que se preocupar com a sexualidade das pessoas, a intimidade dos outros. “A homossexualidade existe desde que o mundo é mundo. Temos grandes pensadores, filósofos e artistas. Por que tanta preocupação com a sexualidade das pessoas? Como homem público o vereador de Dourados tem é que se preocupar com tantos problemas que ainda não foram resolvidos como a violência, a falta de aparelhos de raio-X e de mamografia, a pobreza”, afirmou Kemp que citou o filósofo Sócrates como importante nome da história mundial, homossexual.

Kemp lembrou que o vereador não é o primeiro a demonstrar uma postura discriminatória diante das diferenças das pessoas. “No Congresso Nacional temos ilustres colegas incitando a homofobia”, relembrou.

Além disso, o petista disse que a preocupa não é a defesa da família tradicional formada pelo homem e pela mulher, mas a maneira como o assunto é discutido. “O que me preocupa é o tom pejorativo, discriminatório, que diminui a pessoa humana. Ele tem que estudar sobre o desenvolvimento da pessoa ou ela escolhe ser homossexual e sofrer discriminação? Ou o homossexual não é vítima de discriminação? Claro que é!”, pontuou.

Kemp citou ainda o fato de que 30% das famílias brasileiras serem chefiadas por mulheres e que muitas avós criam seus filhos e netos e defendeu a união civil dos homossexuais. “Os homossexuais reivindicam o direito à união civil. Nenhuma igreja pode ser obrigada a fazer a união homossexual no País”.

Para finalizar, o deputado comentou o aparte feito pelo deputado estadual Zé Teixeira (DEM) que relembrou o episódio da torcedora que xingou de maneira racista o jogador do Grêmio. “Se há discriminação por orientação sexual, a discriminação racial também tem que ser repudiada porque ela também atenta contra a dignidade da pessoa humana”, finalizou.