Um morador do bairro Tiradentes pediu “por tudo que é mais sagrado” para que os vereadores votem contra os Projetos de Lei do Poder Executivo para empréstimo de R$ 420 milhões para construção de terminais de ônibus e pavimentação de 12 bairros de Campo Grande.

“Tinha que trazer ele aqui na sessão. Fica fazendo a gente de besta. Eu peço por tudo que é mais sagrado para vocês votarem contra o projeto milionário. O prefeito deveria ter feito as coisas desde o primeiro dia e não agora, depois de seis meses, pedir milhões de dinheiro. Tem buracos para arrumar, semáforos queimados. Um monte de coisa pra fazer e os vereadores não podem dar um cheque em branco para o prefeito”, protestou Nilo Queiroz.

A reclamação do morador abriu o debate sobre o projeto de lei que aguarda votação na Câmara. O vereador Paulo Siufi (PMDB) voltou a dizer que é preciso avaliar com calma o projeto. Ele quer saber qual o prazo para pagamento, valor do juro e até o preço de cada terminal de ônibus, por exemplo. “Senão vai ser igual aos estádios de futebol, que eram para custar “x” e custaram “cinco x” e a população que levou tinta. Estaremos assinando um cheque em branco e temos que ter responsabilidade”, alertou.

O vereador Chiquinho Telles (PSD) também declarou que só votará a favor se receber informações detalhadas sobre o projeto. Ele questiona, por exemplo, porque não foi apresentado projeto apara atender as regiões do Bandeira e Anhanduizinho, onde residem 250 mil moradores. “Por que aprovar no afogadilho?”, questionou.

O vereador Carlão (PSB), integrante da Comissão de Obras da Câmara, também defendeu uma análise melhor. Ele informou que já convocou o secretário de Obras, Semy Ferraz, para prestar esclarecimentos sobre valor dos empréstimos e detalhe das obras. Ele ressaltou que é preciso tomar cuidado para que não ocorra problemas como da gestão passada, onde moradores de bairros como Campo Novo e Campo Belo acabaram recebendo IPTU de R$ 3 mil depois que as ruas foram asfaltadas.

O presidente da Câmara, Mário César (PMDB), informou que não pode precisar se o projeto corre ou não risco de ser rejeitado na Câmara. Porém, disse que a concepção é boa e os vereadores pretendem votar antes do recesso, marcado para começar no dia 17 de julho. “Acredito que esclarecendo todas as dúvidas, podemos aprovar o projeto”, analisou o presidente, ressaltando que não pode correr o risco de perder o empréstimo, feito a juros menores do que o normal.

Mário explicou que a polêmica surgiu porque o Governo Federal mudou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e agora as obras são feitas por meio de contrapartida da prefeitura, Governo do Estado e empréstimo feito via Caixa Econômica Federal. Além do empréstimo, a prefeitura de Campo Grande terá que investir R$ 30 milhões de contrapartida para aprovar o projeto. Antes, a prefeitura dava apenas a contrapartida.

Para finalizar o impasse sobre o projeto, Mário entende que o prefeito precisa garantir que investirá o valor que está sobrando no caixa, em torno de R$ 600 milhões, em saúde, por exemplo, que é um dos maiores anseios da população.

Sobre as reclamações de outros vereadores, de que o projeto só atende 12 bairros, o vereador detalhou que o prefeito seguiu uma orientação da empresa Águas, que relatou a facilidade de adequar o projeto aos 12 bairros, visto que já tinha programado serviço de drenagem nos locais. “O asfalto tem que ser feito junto com o saneamento”, justificou o presidente.