A maioria dos vereadores entrevistados pelo Midiamax disse ser favorável a participação popular na Câmara de Campo Grande. O questionamento surgiu depois da tumultuada sessão de terça-feira (26), quando manifestantes reagiram a derrubada da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada para investigar irregularidades no Hospital do Câncer. Revoltada, a plateia começou a vaiar e o presidente anunciou que suspenderia a sessão.

A ameaça não surtiu efeito e os manifestantes aumentaram o coro, fazendo o presidente suspender a sessão, o que revoltou ainda mais. Alguns mais indignados partiram para cima dos vereadores, que assustados e sentindo-se acuados, se retiraram para os gabinetes.

O vereador Paulo Siufi (PMDB) admitiu que alguns vereadores ficaram assustados com a manifestação popular. Ele diz que ressaltou aos colegas, principalmente os novatos, que  há o direito da população de reclamar, visto que são os responsáveis pela escolha dos representantes. Siufi entende que a população deve reclamar, mas tudo dentro do regimento, que proíbe vaias ou aplausos.

A vereadora Luiza Ribeiro (PPS) pediu a palavra na Câmara para dizer que a Câmara deve estar aberta à população, para trazer bandeira, faixa e protestar, se preciso. Ela entende que os manifestantes deveriam ser homenageados e salientou que os vereadores precisam ouvir a população.

A vereadora Rose Modesto (PSDB) contou que ficou feliz de ver o povo dentro da Câmara. “Eles vieram aqui para acompanhar as decisões que podem mudar a vida deles. Como vamos ter democracia sem a participação do povo? Queria a participação popular em todas as sessões, para que eles possam olhar para os políticos e julgar a atitude de cada um”, explicou.

O vereador Airton Saraiva (DEM) preferiu minimizar os protestos. Ele disse que as vaias e todo tumultuo foi causado por uma “meia dúzia” orquestrada. “A população em si não estava aqui. Tinham pessoas remuneradas a serviço de alguém”, acusou.

O presidente da Câmara, Mário César (PMDB), disse que achou a manifestação excelente. Porém, atentou que o regimento interno preconiza manifestações silenciosas, seja positiva ou contrária. Na opinião dele, não há necessidade de ultrapassar estes limites.