Ânsia para defender padrinhos faz vereadores se estranharem na Câmara

O número de vereadores na Câmara passou de 21 para 29 nesta legislatura. Com o aumento das vagas, intensificou-se também as brigas, motivadas principalmente por influências externas, envolvendo padrinhos políticos. O desejo ardente de defender lideranças que alavancaram campanhas faz os vereadores se estranharem diariamente na Câmara. A vereadora Luiza Ribeiro (MD) é uma das […]

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O número de vereadores na Câmara passou de 21 para 29 nesta legislatura. Com o aumento das vagas, intensificou-se também as brigas, motivadas principalmente por influências externas, envolvendo padrinhos políticos. O desejo ardente de defender lideranças que alavancaram campanhas faz os vereadores se estranharem diariamente na Câmara.

A vereadora Luiza Ribeiro (MD) é uma das mais atingidas pelos afilhados do PMDB. Ela comprou guerra com a turma quando levou à Câmara a proposta de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde. Com medo de que esta investigação atinja lideranças, aliados do ex-prefeito Nelsinho Trad (PMDB) derrubaram a CPI e viram a sociedade chamá-los de “vilões da saúde”. Eles não gostaram, disseram que a vereadora queria se aparecer e intensificaram a artilharia.

Na última sessão a vereadora foi mais uma vez atacada. Irritado com a insistência de Luiza em participar da CPI para atingir Nelsinho, o vereador Chiquinho Telles (PSD) tentou descredenciar o desejo. Ele disse que a vereadora e o grupo de aliados de Alcides Bernal (PP) se recusaram a participar das comissões e agora ela quer integrar a CPI porque gosta de mídia.

Luiza não deixou barato e devolveu, dizendo que gostava bem menos do que ele, que tinha um programa de rádio. A vereadora acrescentou que usa o mandato com dignidade e, apesar de protestos dos colegas, continuará defendendo o que a sociedade pede. “Quem colocou em suspeição foi a opinião pública”, justificou a vereadora, ao explanar a crítica ao domínio da CPI pelo grupo do ex-prefeito.

As provocações, em sua maioria, são motivadas por defesa a Nelsinho e Alcides Bernal ou pelas críticas ao comportamento do governador André Puccinelli (PMDB). Neste caso, os desentendimentos atingem até integrantes de um mesmo grupo. Revoltado com a saída de Carlão (PSB) do G6, Paulo Siufi (PMDB) disse que “forças ocultas” estavam trabalhando para derrubar o grupo. Carlão não gostou e pediu para Siufi retirar a denominação “forças ocultas”, causando constrangimento.

As brigas entre os vereadores são frequentes e acabam ganhando destaque em sessões sem grandes discussões de projetos. A sessão tumultuada agita quem entende que por ser um parlamento, os vereadores devem discutir propostas. Porém, desagrada quem avalia tudo como falta de respeito.

Recentemente, os vereadores levaram um “puxão de orelha” de um aluno de 14 anos, durante sessão comunitária no bairro Estrela do Sul. O jovem disse que os políticos não se respeitam e revelou que fica bestificado com a falta de seriedade. “Não prestam atenção quando o outro está falando. Ficam mexendo no celular. Como vão avaliar a proposta se não ouvem? A impressão é que vocês não estão conseguindo exercer o seu papel. Isso poderia melhorar. Não?”, protestou, arrancando aplausos dos colegas.

Os vereadores não prolongaram o assunto, mas entenderam o recado. O vereador Alex do PT foi um que aproveitou o gancho para pedir respeito entre os colegas. Ele reclamou da falta de diálogo na Casa, avaliando que isso precisa mudar. “Eu não quero mais ser chamado a atenção em reuniões de bairro porque a gente briga”, declarou.

As brigas são ainda mais constrangedoras quando ultrapassam o campo de discussões e quase chegam à via de fato. Nesta legislatura, por muitas vezes os vereadores ficaram próximo de se esmurrar e foram contidos pela turma do deixa disso, em cenas de reconciliação que mais parecem a de pais que forçam crianças a se abraçarem. Se é encenação ou não, só os parlamentares poderão dizer, mas o fato é que pouco tempo depois, a maioria dos que brigam no microfone está conversando e rindo da situação.

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