Com chegada de novos vereadores e mudança de composição das comissões, Câmara não teria tempo hábil para criar uma CPI para investigar a entidade

Em audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (21), pela Comissão Especial da Câmara Municipal de Campo Grande para debater questões relativas à junta interventora da Santa Casa, a vereadora Thaís Helena pediu a convocação do secretário municipal de saúde Leandro Mazina para responder os questionamentos dos vereadores na sessão de amanhã (22).

Tanto Mazina, quanto Beatriz Dobashi, secretária estadual de saúde, não atenderam ao convite feito pela Comissão e faltaram à audiência.

De acordo com o presidente, vereador Dr. Loester, a comissão não terá tempo hábil para realizar os trabalhos de uma investigação mais aprofundada, pois novos vereadores assumem em janeiro e, com isso, a composição será alterada. Com isso fica inviável a instauração de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar problemas no maior hospital do Estado.

O fim da intervenção da Santa Casa está previsto para abril do próximo ano, quando a administração da entidade retorna para a Associação Beneficente de Campo Grande (ABCG). “Foram sete anos de junta e não conseguiram tirar da crise. Hoje os médicos estão sem receber e não há nem previsão. O objetivo da comissão é discutir como a Santa Casa está sendo gerida e colocar a sociedade a par de toda a situação”, explicou Dr. Loeste.

O presidente da Comissão Especial, que disse atuar na Santa Casa há 38 anos, ainda reclamou do descaso da junta de intervenção na discussão. “Nosso trabalho foi ignorado pela junta, que não se propuseram nem a explicar os balanços”, afirmou. O secretário de saúde do município Leandro Mazina Martins e a secretária estadual de saúde Beatriz Dobashi foram convidados para participar da audiência pública, mas não compareceram e nem enviaram representantes.

ABCG

Para o presidente da ABCG, Wilson Teslenco, a associação está preparada para retornar à administração do hospital e destaca que, com o fim da intervenção, acabará o sucateamento e o desperdício de recursos. “A associação é uma resposta a ausência do Estado. A ABCG se compromete a continuar atendendo pelo SUS. Com o fim da intervenção vamos acabar com o desperdício e sucateamento da Santa Casa. Foram investidos R$ 140 milhões este ano e estão previstos R$ 160 milhões para 2013 e a entidade continua com problemas em suas dependências e aparelhos sucateados.”, afirmou.

Wilson ainda afirma que a tentativa de impor nomes de aliados ao governador do Estado André Puccinelli e ao prefeito de Campo Grande Nelson Trad Filho na associação fere a sociedade. “A junta foi covarde e indigna ao tentar incluir novos associados na tentativa de se perpetuarem no poder. Este tem em vista a tentativa de encobrir alguma irregularidade”, avalia.

Para o ex-senador Valter Pereira, membro da Associação Beneficente, a ausência dos secretários é motivo de frustração. “Saio daqui frustrado por não poder debater a atual situação da Santa Casa com os secretários de saúde. Eles estão tendo a atitude de um cão que não quer largar o osso.”.

Valter Pereira explicou que o número de atendimentos caiu pela metade, de 700 para 350, mesmo com a receita passando de R$ 3,5 milhões para R$ 11 milhões.

“A dívida atual da Santa Casa ultrapassa os R$ 120 milhões, por isso eles não quiseram vir aqui para falar. Querem passar o comando para uma fundação ligada ao governo do estado para esconder a real situação do que acontece. Nunca deram satisfação à sociedade escondendo documentos.”, aponta.

O ex-senador revela ainda que a intervenção “pode ter atendido o interesse de 30 empresas que hoje lucram com a Santa Casa.”.

“Município, Estado, Ministério Público e Tribunal de Contas querem administrar a cidade e ninguém fiscaliza. O MP faz corpo mole nestas questões. Essa junta está ‘pilhando’ a Santa Casa.”, finaliza.