Vereadora Thais Helena descobriu que colegas usam aumento de salário de prefeito como manobra para beneficiar servidores com altos salários

Os vereadores de Campo Grande votam nesta sexta-feira (21), última sessão do ano, o reajuste do salário do próximo prefeito. (PP) já anunciou que não gostaria de ter o salário reajustado, mas não foi ouvido e vereadores querem reajustar o salário em 31%, alegando que servidores de 26 categorias seriam prejudicados com o congelamento do salário.

Após várias reclamações de servidores, a vereadora Thais Helena (PT) começou apurar a veracidade das informações e constatou que o reajuste defendido, principalmente pelos vereadores Mário César (PMDB), Lídio Lopes (PP) e Airton Saraiva (DEM), só beneficiará servidores que podem receber o mesmo salário do prefeito, que hoje é de R$ 15 mil.

Thais Helena conta que consultou várias categorias listadas pelo Sindicato dos Auditores da Receita Municipal como prejudicados e constatou que as informações não são verdadeiras. Segundo a vereadora, servidores da Associação Cultural dos Terapeutas Ocupacionais, fisioterapeutas, farmacêuticos, dentistas, funcionários do Hospital Regional e até médicos disseram que o benefício será estendido apenas a pouquíssimos servidores, fiscais de renda e procuradores, que podem receber o teto máximo, que é o salário do prefeito.

 

“Estes servidores estão longe de ganhar R$ 15 mil. Só três médicos podem chegar ao salário de R$ 15 mil. Quem receberá o aumento, com certeza, são procuradores e auditores, que recebem por produtividade e pode chegar ao salário do prefeito”, explicou.

O reajuste proposto pelos vereadores faria o salário do prefeito e, consequentemente dos servidores, passar de R$ 15 mil para R$ 20 mil. Este reajuste não significa acréscimo algum aos servidores, já que só receberão o teto máximo os servidores que ganham por produtividade. A maioria dos servidores da prefeitura está bem longe do patamar dos R$ 15 mil.

O vereadora Mário César, que também é fiscal de renda de carreira, nega que esteja favorecendo a categoria que ele pertence. “Não na concepção de colega, no sentido pejorativo, e sim a categoria de auditor, da qual faço parte. Sou concursado público e somos responsáveis por toda a receita do município. Todo oxigênio do município vem pela receita. Se não tiver receita, não consigo gastar. Recebemos pelo dinheiro que entra no caixa e não pelo que vai entrar. Nós mesmos nos custeamos”, justificou.

O vereador disse que ainda não apresentou a emenda para reajustar o salário e vai avaliar a possibilidade com os vereadores. Na sessão de ontem (20), Mário Cesar defendeu um reajuste de 61% a Bernal e aos servidores, o que faria o salário aumentar em até R$ 10 mil, chegando a R$ 25 mil. “Este aumento igualaria o valor que é pago a outros municípios do Estado como Nova Andradina e Três Lagoas.”

Mário Cesar justifica ainda que os secretários municipais são prejudicados com o congelamento e hoje recebem menos do que um adjunto. Segundo ele, um secretário municipal recebe R$ 8.400 bruto, o que está bem abaixo dos R$ 10.400 pagos a adjuntos e R$ 11 mil aos diretores de fundações. O vereador Lídio Lopes (PP) também defendeu o reajuste para não prejudicar servidores. Ele chegou a dizer que Bernal poderia doar o salário se não quisesse o reajuste.

O presidente da Câmara de Campo Grande, Paulo Siufi (PMDB), explicou que é obrigado a colocar o projeto de salário do prefeito na pauta. Todavia, pretende respeitar a vontade de Bernal e manter os R$ 15 mil. Assim, caberá aos vereadores apresentarem uma emenda, caso julguem necessário reajustar.