Sessão foi marcada por muito debate e mudança de comportamento de vereadores que, até ontem, defendiam igualdade de codições de trabalho ao futuro prefeito

Com doze votos favoráveis e sete contrários, os vereadores de Campo Grande aprovaram, na sessão desta quarta-feira (19), o orçamento para o ano de 2013 com as emendas que reduzem o poder do futuro prefeito, (PP). 

A proposta teve votos favoráveis dos vereadores: Airton Saraiva (DEM), Paulo Pedra (PDT), Dr. Loester (PMDB), Magali Picarelli (PMDB), Mário César (PMDB), Vanderlei Cabeludo (PMDB), Lídio Lopes (PP), Grazielle Machado (PR), Carlão (PSB), Cristóvão Silveira (PSDB) , Flávio Cesar (PTdoB) e Athayde Nery (PPS).

Votaram contra o projeto que diminui o poder de Bernal os vereadores: Thais Helena (PT), Alex do PT, Marcelo Bluma (PV), Rose Modesto (PSDB), João Rocha (PSDB), Dr. Jamal (PR) e Ribeiro (PMDB). O vereador Herculano Lopes (PSC), por problemas de saúde, não pode comparecer à sessão.

A movimentada sessão foi marcada por mudança de comportamento de vereadores. Athayde Nery, que até ontem era chamado de líder de Bernal na Câmara, foi um dos que, na última hora, trocou de lado em favor da emenda.

Não satisfeito em dizer que mudou o voto porque Bernal não foi à Câmara para falar com os vereadores, ele discursou a favor da emenda que tira poder do futuro prefeito, dizendo que sentia-se orgulhoso de votar pela independência da Casa. O vereador Paulo Pedra foi (PDT) outro que ontem disse que votaria contra a emenda e hoje mudou de postura.

Barganha

No início da sessão, Carlão informou que os vereadores ainda definiriam a postura a ser tomada. Porém, ressaltou que tudo poderia mudar se Bernal fosse a Câmara nesta quinta-feira (20) para falar com os vereadores. O vereador declarou que poderia votar contra a emenda, mas disse que seguiria a maioria do grupo.

A declaração de Carlão sobre a mudança no voto deu brechas para inúmeras desconfianças sobre a tal liberdade da Casa, já que nos últimos 16 anos, durante a administração do PMDB, os vereadores receberam todas as ordens dos prefeitos.

No discurso contrário a emenda, o vereador Alex criticou o fato de não dar a Bernal as mesmas condições de Nelsinho e foi além, dizendo que as “barganhas” necessárias para determinadas aprovações é que comprometiam a independência.

A palavra “barganha” incomodou aliados de Nelsinho e o presidente Paulo Siufi (PMDB) foi obrigado a pedir para Alex retirar a palavra. O vereador retirou, mas disse que estas barganhas infelizmente aconteciam em vários locais.

O vereador Alex duvidou da intenção dos vereadores e chegou a questionar se o mesmo seria feito com Edson Giroto (PMDB), caso o peemedebista fosse eleito prefeito. A vereadora Thais Helena foi uma das que tentou convencer os vereadores da importância de dar a Bernal as mesmas condições de trabalho dos prefeitos anteriores. Ela lembrou que durante a diplomação, na noite passada, a população ovacionou o prefeito eleito quando ele pediu a igualdade de condições para governar.

Uma declaração da vereadora Magali Picarelli (PMDB) resume bem toda a questão política que envolveu o tema. “Acho muito injusto. Mas, tenho que ter disciplina e votar com o meu partido. Acho que deveria ter a mesma condição dos outros. Vou votar com dor no coração”, confidenciou.

Implacável

Disposta a derrubar a autonomia de Bernal, a base de Nelsinho foi implacável e usou de todas as armas para convencer vereadores que ainda estavam em dúvida. O vereador Ribeiro foi um dos mais assediados. Ao seu lado sentaram os vereadores Flávio Cesar, Mario Cesar, Dr. Loester e Grazielle Machado. Todos na tentativa de convencê-lo a votar contra Bernal.

Grazielle chegou a argumentar que Bernal não tinha dado a mínima para os vereadores quando não veio a Câmara para conversar. Porém, o discurso não adiantou. O vereador Ribeiro disse que nem a mãe dele o convenceria a mudar de ideia, já que defendia a igualdade de condições a Bernal.

A discussão do relatório do orçamento começou na sessão de ontem (18), mas foi interrompida após um boicote dos vereadores ligados a . Para forçar um diálogo com Bernal, após suspensão da sessão para reunião, os vereadores não retornaram a Casa, provocando o encerramento da sessão por falta de quórum. A justificativa foi de que seria dada uma oportunidade para Bernal conversar com os vereadores. Bernal ligou para grande parte dos vereadores, mas de nada adiantou.

Alegando independência da Câmara, os vereadores aprovaram a emenda que reduz de 30%, que é autorizado hoje para Nelsinho, para 5% o percentual para abrir créditos adicionais, sem autorização da Câmara em despesas não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei Orçamentária Anual (LOA).