Diretores de sindicatos de servidores, movimento estudantil e outros segmentos, protocolaram no Tribunal Regional Eleitoral um manifesto para investigar as ações do governador em relação à campanha eleitoral

Indignados com a suposta coação eleitoral de servidores públicos estaduais pelo Governador , representantes dos movimentos sociais, sindicais e estudantis de Mato Grosso do Sul estão na manhã desta segunda-feira (27), no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para protocolar um manisfesto da posição dos movimentos e solicitando uma investigação séria a respeito do vídeo denunciado pelo Midiamax.

Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (FETEMS), Roberto Magno Botarelli, logo após o vídeo chegaram várias denuncias a respeito de crimes eleitorais na Fetems, o que culminou em reuniões sobre denúncias de servidores públicos em crimes eleitorais nas eleições de 2012. “Está sendo comum servidores chegarem até nós para fazer denuncias de coação e em todas as esferas do governo”.

Já o coordenador do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Universidade Federal de MS, Renan Araujo disse que a posição dos estudantes em relação ao governador está sendo de indignação, por conta de suas atitudes autoritárias, começando pelo corte de 20% da verba da UEMS e também a falta de respeito com os indígenas no interior do Estado. “Está acontecendo uma guerra em Paranhos e o governador mandou a Polícia Federal intervir a favor dos fazendeiros, sem ao menos ouvir os indígenas. Além disso, ele usa de sua representação política para coagir servidores públicos”, fala o coordenador.

“Repudiamos a atitude do governador principalemente nesta época eleitoral. Queremos eleição limpa, transparente e imparcial por parte do Estado”, disse o presidente da Fetems. 

Veja na íntegra o manifesto realizado pelos representantes dos movimentos sociais, sindicais e estudantis do Estado.

A “Escolinha do Governador André” ofende o voto secreto e a moralidade pública

O episódio divulgado nacionalmente, envolvendo uma reunião do Governador André Puccinelli com servidores comissionados, que foram chamados nominalmente para declarar em quem votarão nas eleições municipais em Campo Grande, é gravíssimo.

O fato dos servidores terem que informar, seja por coação ou pedido, o nome de seus candidatos caracteriza uma violação ao mais sublime requisito do voto no sistema republicano adotado no Brasil: o voto secreto.

O voto é secreto para proteger o cidadão de governantes autoritários, porque ele é resultado da escolha pessoal e intransferível do eleitor, para garantir ao eleitor o direito de que esta escolha ocorra sem nenhuma pressão, indução ou qualquer vício de vontade.

Nem mesmo a Justiça Eleitoral pode violar o segredo do voto.

Nós, signatários deste manifesto, repudiamos veementemente a postura adotada pelo Governador André Puccinelli, que deve se comportar como a liturgia de seu cargo exige: respeitando à Constituição Federal de acordo com os princípios da legalidade e da moralidade.

Ao Governador, nota zero nos quesitos respeito e democracia.

Ao cidadão, que filmou e divulgou tal arbitrariedade, nota 10 no quesito coragem.

À sociedade sul-mato-grossense, fica mais uma lição de que o autoritarismo tem nome, endereço e, invariavelmente, ocupa cargos públicos, mas que homens simples, com atos de coragem singular, podem desmascará-lo.

Exigimos da Justiça Eleitoral e da Polícia Federal a apuração e punição, pois a evidência de crime eleitoral reproduz uma prática coronelista do século XIX, de coação do voto.

ELEIÇÕES LIMPAS, TRANSPARENTES E IMPARCIAIS EM CAMPO GRANDE E MATO GROSSO DO SUL. É o que defende os movimentos sindicais, sociais e estudantis.

Além dos representantes da FETEMS e do DCE assinam o manifesto dirigentes do SINTSS (Sindicato dos Trabalhadores da Seguridade Social de Mato Grosso do Sul), CDDH (Centro de Defesa da Cidadania e dos Direitos Humanos “Marçal De Souza Tupã-Y”), Sindicato dos Bancários de Campo Grande, ACP – Sindicato Campo-Grandense dos Professores, SISTA – UFMS Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino de Mato Grosso do Sul, Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul (SINDIJUS/MS), Dionízio Gomes Avalhaes), MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Sindicato dos Ferroviários, CUT/MS (Central Única dos Trabalhadores de Mato Grosso do Sul), FETRICOM/MS (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário), Sinttel/MS – Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do estado do Mato Grosso do Sul, Sindicato dos Vigilantes de Campo Grande e região.