A eleição do novo comando do PMDB em Mato Grosso do Sul, nesta quinta-feira (20), foi marcada por depoimentos de correligionários insatisfeitos com a condução do partido. Líderes reclamaram de decisões de cúpula e um grupo do interior chegou a ameaçar debandada em massa.

Presidente da legenda em Dourados, o deputado federal Geraldo Resende ocupou a palavra para colocar à disposição seu cargo na executiva estadual do partido. “Essa chapa de consenso é muito centralizadora, abro mão da vaga para quem quiser”, disse, arrancando aplausos da platéia.

Depois de troca de farpas pela imprensa, os caciques do PMDB fecharam entendimento na escolha do deputado estadual Júnior Mochi para dirigir o partido. Atual presidente da sigla, Esacheu Nascimento buscava a reeleição, mas foi tratorado pela cúpula. Inicialmente, ele resistiu à pressão, mas no final acabou se conformando com a vice-presidência.

“Pela primeira vez, o PMDB escolhe presidente do interior e a escolha foi de consenso”, rebateu Mochi. “Agora, se os interesses de todos não foram todos atendidos é porque não teve como”, completou.

Resende, por sua vez, insistiu que a escolha foi dos caciques e lembrou que a última decisão de cúpula prejudicou o PMDB em Dourados. A declaração foi em referência à decisão, de última hora, de não lançar candidato próprio na disputa pela prefeitura do segundo maior colégio eleitoral do Estado.

“Não se iludam a gente vai perder o governo”

Logo depois da manifestação de descontentamento do Resende, a ex-vereadora e ex-prefeita interina da Capital, Nelly Bacha, aos gritos dizia: “não se iludam a gente vai perder o governo também, se vocês continuarem assim”.

Para ela, o partido não tem candidato preparado para concorrer à sucessão do governador André Puccinelli (PMDB). “O Puccinelli entregou a prefeitura de Campo Grande redonda e o Nelsinho Trad acabou”, disparou.

Debandada geral

Pouco antes, um grupo de peemedebistas de Selvíria tentou protocolar pedido para deixar o PMDB, mas Mochi não permitiu. “Pedi um tempo para tentar resolver a situação”, frisou o futuro presidente da sigla.

Segundo Mochi, o grupo exige providência contra um vereador eleito pelo PMDB que teria feito campanha para candidato de partido rival. Além disso, eles acusam Puccinelli de não ter se empenhado na eleição no município.

Além de Mochi e Esacheu, integram a diretoria o deputado federal Marçal Filho (segundo vice-presidente), o deputado estadual Jerson Domingos (terceiro vice-presidente), o deputado federal Fábio Trad (secretário-geral) e Resende colocou à disposição a vaga de secretário-geral adjunto. Votaram para o novo comando do PMDB 126 dos cerca de 200 delegados, dos quais apenas um votou em brancou. Dos 52 integrantes da Executiva, somente um disse não à chapa de consenso.