Críticas à atual administração somadas à defesa do PT, fizeram os vereadores Carlão, Saraiva, Mário César, Flávio César e Otávio Trad a abandonar a cerimônia de diplomação na metade

Críticas do ex-governador e vereador eleito Zeca do PT à atual administração e manifestação de apoio ao PT levaram vereadores, ligados ao prefeito (PMDB), a abandonar, na noite desta terça-feira (18), a cerimônia de diplomação dos eleitos em Campo Grande antes do discurso do futuro prefeito, Alcides Bernal (PP).

Como vereador mais votado na Capital, Zeca ganhou a palavra em nome dos futuros colegas de Câmara Municipal. Ele iniciou o discurso declarando-se entusiasmado com o novo desafio da mesma forma que começou a administrar o Estado, na época de governador. Ele ainda defendeu o “reconhecimento legal da vontade popular pela mudança”.

O começou a esquentar quando Zeca apelou por um novo “olhar” à cidade, “não só a Afonso Pena, mas aos bairros onde está a maioria do povo”. “Infelizmente, nos bairros falta quase tudo”, disse. A afirmação rendeu vaias e, inicialmente, a ameaça do vereador Carlão (PSB) em deixar o plenário.

Na sequência, Zeca sugeriu uma reflexão ao PT e fez menção ao chamado Mensalão, recém-julgado no Supremo Tribunal Federal (STF). “É uma tentativa de criminalizar o PT”, afirmou, acirrando o clima de insatisfação entre os presentes.

As críticas, somadas à defesa de seu partido, fizeram os vereadores Carlão, Airton Saraiva (), Mário César (PMDB), Flávio César (PTdoB) e Otávio Trad (PTdoB) a abandonar a cerimônia de diplomação na metade. Com eles, saiu uma parte do público que acompanhava o evento.

“Ele (Zeca) está falando em nome dos 29 vereadores eleitos, ele não tinha o direito de fazer discurso com esse tom, totalmente partidário, que vai na contramão daquilo que nós queremos”, disparou o líder do prefeito Nelsinho na Câmara, Flávio César. “Se expôs”, emendou sobre a manifestação do petista.

Depois do tumulto, foi a vez de Bernal discursar como prefeito eleito. Ele, por sua vez, apelou pela união de forças, homenageou os ex-prefeitos, funcionários públicos e prometeu dialogar com todos, arrancando aplausos da platéia. Na sequência, representantes do Judiciário fizeram um balanço da eleição.

No final na cerimônia, Zeca se defendeu. “Evidentemente, quando toca nas feridas desagrada”, comentou. “Verdade é que se tinha uma platéia basicamente peemedebista que não tolera crítica, muito menos a crítica do PT”, completou.

Para finalizar, ele avisou que, na Câmara, manterá o discurso firme em defesa dos mais humildes. “Precisa governar para os bairros, onde mora o povo mais pobre, que não tem nada e é claro que isso desagrada o PMDB, é botar o dedo na ferida e ai a manifestação de descontentamento, isso é normal”, concluiu.