“Estou perplexo”, foi o que declarou o presidente da Câmara de Campo Grande, Paulo Siufi (PMDB), ao ver a base do prefeito Nelsinho Trad (PMDB) rejeitar a proposta enviada a Câmara para reajustar em 5,3% o valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para o ano de 2013. A fala de Siufi resume o sentimento da maioria presente na Câmara ao ver a base de Nelsinho, em decisão inédita, congelar o IPTU e ir contra o que o prefeito determinou.

A maioria dos vereadores que votaram a favor do congelamento justificaram que o prefeito eleito, Alcides Bernal (PP) não balizou a Câmara, o que fez eles atenderem a vontade popular e aprovar o projeto. “O prefeito eleito tinha que conversar com os vereadores e assumir o . Ele não veio. Então, mostramos para ele que quem decide é a Câmara”, declarou o vereador Airton Saraiva (DEM) ao justificar o congelamento.

A justificativa de Saraiva não é aceita por outros vereadores que viram a atitude como uma resposta dos vereadores, que em sua maioria apoiaram Edson Giroto (PMDB) e foram derrotados por Alcides Bernal.

A declaração de Saraiva é diferente da vereadora Thais Helena (PT), que entende que faltou diálogo de Nelsinho com a base, já que ele é prefeito até 31 de dezembro e responsável pelo orçamento em 2013. Thais avalia que ficou claro que o voto foi totalmente político, lembrando que no ano passado apenas ela e o vereador Alex do PT foram contra o reajuste de até 15% aprovado por toda a base do prefeito, que hoje é a favor do congelamento. “Estou aqui há sete anos e nunca vi ninguém votar contra o reajuste em anos anteriores”, recordou.

A conclusão de Thais é afirmada pela declaração do próprio vice-líder de Nelsinho, Mário Cesar (PMDB). Questionado sobre a bondade que atingiu os vereadores e os fizeram ouvir a população, diferente de outros anos, o vereador concordou que a votação envolveu questões políticas e votou a favor do congelamento, mesmo avaliando que a mudança de hoje pode ter reflexos amanhã, quando a prefeitura terá que repor o que perdeu. “Não conseguimos congelar sem interferir na do município”, admitiu.

O vereador Lídio Lopes (PP) levantou a questão política na Câmara quando questionou Alex e Thais, dizendo que eles sempre foram contra o reajuste e hoje estavam defendendo. Para o vereador, que também votou a favor do reajuste no ano passado e hoje é contra, “são as comodidades que prejudicam”. O vereador Cristóvão Silveira (PSDB) também votou a favor do congelamento e avaliou que o IPTU foi um dos temas que definiram a eleição, já que junto com a saúde, dominou os debates.

A votação desta quinta-feira (13) também trouxe como curiosidade o fato de vereadores da base de Bernal, Rose Modesto (PSDB), Athayde Nery (PPS) e João Rocha (PSDB) votarem a favor do congelamento, mesmo com a possibilidade de queda na arrecadação. No entendimento deles , era preciso ser coerente e manter o que o PSDB, liderado pelo deputado federal Reinaldo Azambuja, defendeu na campanha, que era congelar o IPTU.