Localizado na região norte de Mato Grosso do Sul, a cerca de 280 quilômetros da capital, Campo Grande, a cidade de Paraíso das Águas não tem hospital nem creches. No local também não há cartório e, quando precisam resolver algum problema com documentos, os cerca de 5 mil moradores têm de viajar no mínimo 60 quilômetros por estrada de terra. Na maior parte do município não há sinal de celular. Nem mesmo no centro, onde a avenida principal, de cerca de 300 metros de extensão, concentra os poucos estabelecimentos comercias existentes no local.

A cidade, entretanto, contabiliza um rebanho de 150 mil cabeças de gado, segundo estimativas não oficiais. A pecuária e a agricultura, sobretudo a produção de soja e milho, são as maiores fontes geradoras de empregos e recursos do município, cuja arrecadação mensal de impostos gira em torno de R$ 1 milhão.

A partir de amanhã (7) à tarde, a cidade terá também os nomes dos primeiros prefeito, vice-prefeito e vereadores de sua história. Paraíso das Águas é uma das cinco cidades brasileiras que realizarão, neste domingo, suas primeiras eleições. Para os cerca de 3,4 mil eleitores do município aptos a votar, será a conclusão de um processo iniciado na metade do século passado, quando começou a discussão em torno da emancipação política da cidade, que era distrito do município de Costa Rica.

Dois candidatos disputam a prefeitura: Ivan da Cruz, ou Ivan Xixi (PMDB), conforme seu registro de candidatura, e José Hilário Grisuk (PT). Cinquenta e quatro candidatos concorrem a uma das nove cadeiras da futura Câmara Municipal.

Paraíso das Águas foi elevada à condição de município em 2003, por meio de um decreto estadual. Esse decreto foi questionado judicialmente pelo município vizinho Água Clara, de onde foram desmembrados 3.251 dos 4.869 quilômetros quadrados que formam a nova cidade. Mais 1.196 quilômetros quadrados pertenciam originalmente ao território da vizinha Costa Rica. Os 421 quilômetros quadrados restantes foram subtraídos de Chapadão do Sul. À época, a prefeitura de Água Clara alegava que a economia do município seria prejudicada com a perda do território e, consequentemente, de arrecadação.

Em dezembro de 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) movida pelo Ministério Público Federal (MPF) e considerou válido o decreto estadual de seis anos antes. Com a decisão, a primeira eleição da história do novo município foi marcada para março de 2010, mas acabou sendo suspensa pouco antes pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que acatou pedido do Ministério Público Eleitoral (MPE). O MPE alegava que, de acordo com a Constituição Federal, as eleições municipais devem acontecer simultaneamente em todo o país.