Depois de ter defendido a saída de Carlos Lupi do Ministério do Trabalho, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) avaliou que após o depoimento ao Senado na manhã desta quinta-feira (17), o ministro ficou “mais forte e mais fixo no ministério”.

Cristovam e o senador Acir Gurgacz (RO) estiveram reunidos com o presidente nacional do PDT, deputado André Figueiredo (CE), para um almoço após o depoimento de Lupi. De volta ao Senado, Buarque disse que o almoço serviu para uma “avaliação” das novas declarações de defesa do ministro.

“Eu mesmo acho que ele se saiu melhor que das outras vezes. Eu vou dizer, hoje o Lupi está mais forte e mais fixo no ministério do que ontem […] E olha quem fala. Fui eu que ontem achei que ele [Lupi] nem deveria ter vindo, que ele deveria renunciar ontem mesmo”, disse o senador.

Ainda nesta quinta, mais cedo, Cristovam havia dito que “diante de todas as dúvidas, temos de ver se não é o caso de o PDT apear-se”, deixando o ministério. “A saída [do ministério] nos permitiria reaglutinar em busca de uma identidade que está um pouco perdida”, afirmou.

Cristovam negou que tenha recebido algum tipo de orientação do partido para sair em defesa do Lupi. Segundo ele, durante o almoço, não foi discutida a permanência do PDT no governo. “A gente sabe que depende do ministro querer ficar e da presidente querer mantê-lo”, disse.

Embora tenha avaliado como “melhor” o depoimento de Lupi, Cristovam voltou a afirmar que sua posição é de que o PDT deixe o governo Dilma. Quanto a uma possível saída imediata de Lupi, o senador amenizou.

“Eu acho que ele [Lupi] respondeu e minha posição é de esperar um pouco mais. E olha que minha posição era de que ele nem viesse”, disse.

Depoimento
Ao depor nesta quinta no Senado, Lupi se defendeu sobre seu nível de proximidade com o empresário Adair Meira, que dirige ONGs conveniadas com a pasta. O ministro admitiu que viajou em avião particular com Meira, em dezembro de 2009, como mostraram vídeo e foto divulgados nesta semana.

Sobre o pagamento do voo, Lupi disse que cabia a Ezequiel Nascimento, ex-secretário de Políticas Públicas e Emprego do ministério, que participou da viagem, explicar quem pagou. “Eu fui de carona do Ezequiel. Compete ao Ezequiel e à companhia aérea [explicar]”, afirmou.

Na Câmara, na semana passada, Lupi havia negado viajar em avião do empresário. “Nunca andei em jatinho de Adair, não o conheço”. No fim de semana, o Ministério do Trabalho publicou nota afirmando que as viagens, feitas no interior do Maranhão no fim de 2009, ficaram sob responsabilidade do PDT. Meira disse que não arcou com os custos, mas intermediou o aluguel da aeronave usada.