O governador de Mato Grosso do Sul ironizou apoio recebido de Dilma e se negou a revelar quanto tem de reservas. As contas do Estado, no entanto, apontam saldo disponível de R$ 1,1 bilhão. Danos da chuva custarão R$ 110 milhões, segundo Defesa Civil.

O governador reclamou e ironizou o apoio imediato recebido do Governo Federal, que liberou R$ 5 milhões para ajudar na recuperação dos danos causados pelas chuvas intensas no começo de março. Chegou a usar o valor como argumento para adiar ações imediatas de atendimento a populações isoladas, e se negou a revelar quanto o governo estadual possui em caixa de reservas.

A informação que Puccinelli tem mantido em sigilo é que os cofres estaduais contavam, em média, com R$ 1,12 bilhão disponíveis em caixa durante o ano de 2010. O valor é dez vezes maior do que o total de prejuízos calculado pelo próprio governo através da Defesa Civil.

Puccinelli apresentou um levantamento completo indicando que, ao todo, seriam necessários R$ 109,3 milhões para restaurar a infraestrutura viária comprometida. Nesta semana, falando para moradores na região de Nova Andradina, Puccinelli chegou a brincar com a situação das pessoas isoladas. “Até 2042 tudo consertado”, disparou.

O maior valor pedido pelo governo, de R$ 80,8 milhões, serviria para recuperar 1.617,5 km de rodovias estaduais não pavimentadas com implantação de bueiros; outros R$ 23 milhões recuperariam pontes e bueiros danificados, em uma extensão total de 1.042 metros; além de R$ 5,4 milhões para refazer pontes destruídas.

O Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, disse que MS precisa deixar de usar pontes de madeira e passar a construir pontes de concreto, que duram mais e aguentam os períodos de cheia. Ele liberou para MS a mesma quantia que Dilma liberou para Mato Grosso, estado com extensão atingida pelas chuvas bem maior do que Mato Grosso do Sul.

R$ 1,1 bilhão em caixa

Os dados constam do relatório de gestão fiscal referente ao terceiro quadrimestre de 2010, publicado na página 7 da edição do Diário Oficial de 31 de janeiro de 2011. Em valores nominais, o Estado contou com R$ 1,16 bilhão até o primeiro quadrimestre; R$ 1,06 bilhão no segundo; e R$ 1,15 bilhão no terceiro.
 
Os recursos em caixa são deduzidos da Dívida Consolidada (DC) e formam a Dívida Consolidada Líquida (DCL) do Estado, que no terceiro quadrimestre de 2010 perfazia R$ 6,21 bilhões. Naquele período a Receita Corrente Líquida (RCL) chegou a R$ 5,18 bilhões. A relação entre DCL e RCL era de 119% – ainda assim dentro do limite definido por resolução do Senado, que é de 200%.
 
Resolução interna da Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz) determina a publicação dos quadros demonstrativos do relatório de gestão fiscal até 30 dias após o encerramento de cada período, em conformidade com a Lei Complementar federal nº 101/2000.