Governador garantiu também que se a CGR não se recuperar vai entregar as obras da empresa para as segundas colocadas nas licitações

Em coletiva à imprensa na manhã desta quarta-feira, o governador Puccinelli foi questionado pelos jornalistas sobre o caso CGR – a maior empreiteira do MS que anunciou, ontem, ter entrado na justiça com um pedido de recuperação judicial.

Um dos pontos mais delicados da entrevista ocorreu quando o governador declarou que a CGR ainda tem dinheiro a receber porque o governo segura pagamentos de serviços realizados – as medições.

“Todas as empresas que trabalham eu sempre deixo duas medições, então eles têm pra receber. Na terceria medição se paga a primeira, na quarta a segunda, na quinta a terceira”.

Quando questionado se isso não prejudicaria os funcionários demitidos, o governador Puccinelli foi áspero: “Isso não é problema meu”.

O governador foi evasivo na maioria das respostas. Quando perguntado sobre quantos contratos o governo do estado tem com a CGR Engenharia, cujas obras estão interrompidos depois da demissão em massa de 400 trabalhadores, Puccinelli se limitou a dizer: “Eu não sei”.

Em outro ponto controverso da entrevista, Puccinelli afirmou que a empresa continuaria executando suas obras, mesmo depois das demissões, porque não está fazendo pagamentos depois do pedido de recuperação judicial.

“Tem que perguntar pra CGR o que é recuperação judicial. Eu acho que vai facilitar, porque não estão pagando outras coisas e vão executar obra”, garantiu Puccinelli. Ninguém entendeu.

Por fim, depois de indagado sobre a possibilidade da empreiteira não se recuperar judicialmente, Puccinelli afirmou que as obras serão repassadas. 

“Cumpre a lei! A vencedora da licitação tem que executar a obra até o final. Quebrou e não obteve recuperação, você pega o segundo e o convoca para executar até o final”.

Trabalhadores desconsolados com demissões

A postura do governador, que retêm pagamentos às empreiteiras, contrasta diretamente com a situação dos trabalhadores demitidos pela direção da CGR.

A reportagem esteve no Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Pesada onde cerca de 40 trabalhadores assinavam a sua rescisão. Todos eles receberam apenas o FGTS, e sem a multa legal de 40%. Só daqui a 60 dias é que a empresa vai apresentar um cronograma de pagamentos de salários, férias, 13º e outros direitos trabalhistas. Mas não se sabe quando.

Eles portavam um documento com essa ressalva, assinado apenas pela direção do sindicato, apesar da presença de dois advogados da CGR.