Semana: Puccinelli é flagrado em uso eleitoral do Vale Renda e Artuzi vira réu em processo

Também nesta semana, Justiça frustrou tentativa do senador Delcídio de censurar Midiamax

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Também nesta semana, Justiça frustrou tentativa do senador Delcídio de censurar Midiamax

“Eu quero continuar com o Vale Renda, que tem 2500 famílias cadastradas. Mas… Se… Se o Oséas se eleger, e depende de vocês, esse número pode dobrar”.

A frase acima é do governador André Puccinelli (PMDB) dita em ato político, em Corumbá, condicionando a ampliação do programa à eleição de Oseas Ohara, candidato a deputado estadual.

Isso foi no dia 2 de agosto, em plena segunda-feira, quando a semana estava só começando. Depois disso, ainda teve o prefeito de Dourados Ari Artuzi (PDT) que virou réu por suposta ligação com uma quadrilha que fraudava licitações públicas, entre outros crimes. Ele responderá por corrupção passiva.

A Assembléia Legislativa voltou do recesso em ritmo lento. Não houve votações relevantes e nem discussões acaloradas durante a semana. Os deputados têm outro foco: a própria reeleição, meta difícil devido à concorrência.

Antes que a semana terminasse, porém, a Justiça Eleitoral frustrou mais uma tentativa de censurar o Midiamax por meio de uma ação judicial movida pelo senador Delcídio do Amaral, candidato à reeleição pelo PT. Ele quis envolver o jornal em uma briga com o jornalista Nilson Pereira, mas a representação teve nova decisão favorável ao portal de notícias.

Puccinelli nega o que foi gravado em vídeo

Procurado para comentar a declaração dada em Corumbá enquanto participava de uma caminhada na região do Grande Santo Amaro, em Campo Grande, o governador negou que tenha dito o que foi gravado em áudio durante o evento político na presença de dezenas de pessoas. “Não é verdade. O que eu falei foi: Elejam o Oséas, depois me peçam o que quiserem”, afirmou.

Condicionar o acesso a bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, exceto nos casos de calamidade pública ou de emergência é uma conduta vedada aos candidatos pela Legislação Eleitoral.

Além de ter infringido à lei, a atitude do governador de defender Oséas condicionado a ampliação de um programa carro chefe de sua administração provocou ciumeira política.

“Aqui tem potencial para eleger, aqui dentro, três deputados. Eu quero o Oséas”, garantiu André referindo-se aos planos eleitorais para Corumbá à platéia formada basicamente por cabos eleitorais da coligação. Para Waldemir Moka, candidato ao senado, e Esacheu Nascimento, candidato a deputado federal, o governador determinou: “Vocês vão ter que pedir aos seus eleitores para votar no Oséas”.

Governador investe pesado na campanha

Divulgada nesta semana, a prestação de contas parcial do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) provou que o governador está investindo pesado na tentativa de se reeleger. R$ 104 mil reais diários. Esse é o valor divulgado por ele.

Puccinelli divulgou os gatos num total de R$ 3,1 milhões em um mês de campanha. Valor 3,5 superior ao gasto pelo candidato da oposição, Zeca do PT.

O petista gastou até o momento R$ 873 mil, ou por volta de R$ 28 mil diários. E Ney Braga (PSOL) não declarou despesas, pois segundo ele, ainda não gastou nada com sua campanha.

Artuzi no banco dos réus

A denúncia contra o prefeito de Dourados foi aceita por sete votos a zero a Seção Criminal do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). O mesmo processo acusa outras 10 pessoas de ligação com uma quadrilha que fraudava licitações públicas, entre outros crimes. O MPE pediu, inclusive a prisão de Artuzi, mas essa solicitação não foi acatada.

Além de Artuzi, aparecem na lista dos denunciados políticos, empresários e servidores públicos. O esquema de fraude foi desmantelado em junho do ano passado durante a operação Owari (fim em japonês), tocada pela Polícia Federal, investigação depois assumida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do MPE.

Na primeira investida, os policiais federais prenderam ao menos 40 pessoas, entre os quais empresários e servidores públicos, profissionais liberais, vereadores e os vice-prefeitos de Dourados e Ponta Porã. Hoje, ninguém está preso.

O empresário Sizuo Uemura, um dos mais ricos de Dourados e filho Eduardo, seriam segundo a investigação, os líderes do bando. Os dois foram detidos durante a operação, mas foram postos em liberdade uma semana depoimento.

Na Assembleia, sessão é ‘vapt vupt’

Na quinta-feira, os deputados estaduais abriram e encerraram a sessão plenária, última da semana, em 45 minutos. Votaram apenas um projeto do governo do Estado, moções e indicações. Um único parlamentar, o deputado Pedro Kemp (PT), usou a tribuna para discursar.

O petista falava mais para a audiência da TV Assembléia do que para seus pares. No plenário, era ouvido por sete deputados, embora 16 tivessem assinado a lista de presença.

Os parlamentares não escondem sua preocupação mais urgente: a própria reeleição. Dos 24 deputados, 20 tentam se reeleger, dois disputam vaga na Câmara Federal e dois estão abandonando a política.

Cálculos feitos pelos deputados já com base no coeficiente eleitoral e no número de candidatos das coligações apontam que retornar à Assembleia no ano que vem dependerá de, no mínimo, 20 mil votos nestas eleições. Preocupados com a concorrência, alguns parlamentares admitem até cabular sessões em busca de votos no interior do Estado. Neste ano, 268 nomes disputam as 24 cadeiras da Assembleia Legislativa, o que significa uma concorrência de 11,6 por vaga.

Informalmente, os deputados já estabeleceram, por exemplo, que as votações importantes se concentrarão nas terças e quartas-feiras. De modo, que o parlamentar que precisar se deslocar na quinta-feira para o interior não perderá a apreciação de matérias relevantes. A ideia é usar a última sessão da semana para os debates em plenário.

Delcídio derrotado em ação contra Midiamax

O senador entrou na justiça por discordar de críticas disparadas contra ele por Nilson, que mantém um blog no Midiamax. O parlamentar chegou a citar na ação que o jornalista teria vínculo empregatício com site na tentativa de estender a censura prévia ao conteúdo jornalístico do portal. Assim como outros articulistas-blogueiros, Pereira tem total liberdade editorial no espaço pelo qual é responsável.

Nilson Pereira, que foi multado em R$ 10 mil pela desembargadora Tânia Garcia de Freitas Borges, por criticar Delcídio, informou que vai recorrer da decisão e, por orientação do advogado.

“Confirmo a liminar deferida e no mérito julgo parcialmente procedente a representação intentada, somente no que toca ao representado Nilson Pereira”, disse a magistrada, negando o pedido do senador, que tentou culpar o Midiamax pelos comentários do jornalista e estender a ação ao jornal como forma de impor censura por meio de multas.

Sexta-feira 13 promete…

Nos próximos dias, o meio político em Mato Grosso do Sul vai ferver. Vem aí, Michel Temer, o peemedebista candidato a vice na chapa da petista Dilma Rousseff.

Ele participará de evento na Acrissul (Associação dos Criadores em Mato Grosso do Sul), na Capital, com objetivo de intimar as lideranças do PMDB a apoiarem a candidata de Lula.

Com isso pretende esvaziar o palanque de José Serra no Estado e ampliar a campanha de Dilma. A visita ocorrerá na sexta-feira, 13, número, aliás, bem ao gosto dos petistas.

Colaboraram: Éser Cáceres, Celso Bejarano e Liziane Berrocal

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