Diretório regional entende que ação na Justiça só vai dividir ainda mais o partido

A briga judicial que está prestes a começar a no PMDB não terá a participação do diretório de Mato Grosso do Sul, segundo o presidente da legenda, Esacheu Cipriano Nascimento. Um grupo de lideranças nacionais vai recorrer à Justiça para impedir a realização da convenção nacional para eleger a nova direção partidária no dia 6 de fevereiro. A data foi mantida ontem pela a Executiva Nacional.

Na avaliação de Esacheu Nascimento a ação judicial é prejudicial por dividirá ainda mais o partido. “Vamos colocar nossa posição na convenção em junho para escolha dos candidatos. Se sairmos perdedores, vamos apoiar quem vencer. Temos de pacificar o partido”, disse.

Porém, a ala do PMDB alinhada com os partidos está decidida a levar a questão aos tribunais. Entre os defensores da ideia estão o presidente do PMDB em São Paulo, Orestes Quércia, e o vice-presidente nacional do PMDB e presidente do partido em Santa Catarina, Eduardo Moreira. “Já estamos com a ação pronta e devemos entrar na Justiça ainda nesta semana”, afirmou Moreira.

De acordo com Quércia, membros do partido em São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Pernambuco devem endossar a ação, que está sob análise de advogados do partido. Para Quércia, a realização da convenção em fevereiro “não é oportuna”. Os governadores do Paraná, Roberto Requião, e Santa Catarina, Luiz Henrique Silveira, já haviam sinalizado que liderariam um movimento contra a antecipação da convenção e cogitavam entrar com medida judicial para impedir sua realização.

Moreira disse que a decisão de ontem em Brasília não tem legitimidade porque o resultado da reunião foi combinado na véspera, “durante um jantar para poucos”, e a Executiva não estava com todos os seus integrantes na reunião desta quinta-feira, 27. “Tomaram de assalto o partido. A Executiva não foi convocada para discutir a antecipação da convenção”, declarou.

Segundo ele, lideranças da ala oposicionista do PMDB se reunirão neste fim de semana em Porto Alegre, onde todos estarão para comemorar o aniversário de 80 anos do senador Pedro Simon (PMDB-RS).

A decisão de ontem surpreendeu Simon, uma das principais lideranças da ala oposicionista do partido. “É uma pena. O certo seria deixar a convenção para março. Não foi uma decisão feliz, estou decepcionado”, disse o senador. Na avaliação dele, a convenção será esvaziada se ocorrer em fevereiro, uma vez que vereadores e deputados estaduais e federais voltam do recesso parlamentar na próxima semana. “Uma convenção tem de ter mais de mil delegados de todo o Brasil. Acho que é sinal de que querem um jogo de cartas marcadas”, afirmou.

Simon sugeriu que o presidente licenciado do PMDB nacional, deputado federal Michel Temer (SP), deseja minar resistências à sua reeleição ao cargo e à sua indicação para vice numa chapa que seria liderada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República. “Sou favorável à ação judicial”, antecipou.

O presidente do PMDB no Paraná, deputado federal Waldir Pugliesi, disse que a antecipação da convenção representa um “desrespeito a um líder histórico”, o governador do Estado, Roberto Requião, que lançou sua pré-candidatura à Presidência da República com o apoio de 15 diretórios estaduais. “Estão querendo avançar de maneira célere para que os que discordam da posição do partido fiquem sem ação. Sabemos das dificuldades, mas já conversei com outros companheiros do partido hoje e vamos entrar com medida judicial para impedir a decisão”, disse. “A direção nacional quer sacramentar sua posição e obter o controle total do partido.”

Por meio de sua assessoria de imprensa, Requião disse que a antecipação da convenção é um “golpe” e garantiu que fará o que estiver ao seu alcance para impedir que a reunião aconteça em 6 de fevereiro. Em viagem à Itália, o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique Silveira, por meio de sua assessoria, disse ser contra a antecipação e afirmou que, quando retornar, vai se reunir com Requião e Quércia para definir a linha de ação dos oposicionistas.