A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República, recebeu quinta-feira o apoio do PDT para a campanha de 2010. Em um almoço em sua residência em Brasília, Dilma recebeu o presidente licenciado do PDT e ministro do Trabalho, Carlos Lupi, além do senador Osmar Dias, que será candidato ao governo do Paraná, o presidente interino da legenda, deputado Vieira da Cunha (RS), e o líder da bancada na Câmara, Dagoberto Nogueira. Dilma lembrou sua trajetória política como integrante do PDT e disse ser muito importante a aliança entre os dois partidos.

– Para mim, essa conversa tem muito significado pela importância que o PDT teve na minha vida. Fez parte de minha trajetória política e eu fico sempre muito à vontade de estar aqui hoje nessa conversa entre o PDT e o PT – disse a ministra.

Lupi ressaltou que a decisão de apoiar Dilma não tem relação com o fato de o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), ter desistido da corrida ao Planalto, embora tenha admitido que se o tucano fosse o candidato a “composição” poderia ser outra.

– Há um ano, nós já tínhamos esse encaminhamento de apoiar a ministra Dilma, defendendo inclusive a candidatura única da base. Nós temos que saber quem é contra e quem é a favor da continuidade do governo Lula. Nós somos parte integrante desse governo – disse Lupi. O apoio do PDT ainda terá que receber o aval de todo partido em convenção eleitoral da legenda, mas, para Lupi, o processo será uma mera formalidade. – A executiva do partido fez um indicativo e a convenção deve homologar a decisão ou não. Mas esse indicativo é quase uma formalização da nossa decisão.

Esse é o segundo encontro entre a cúpula do PDT e do PT e a ministra para tratar das eleições de 2010. Há um ano o PDT recebeu o convite da ministra para a aliança formal.

Com a formalização da aliança, o PDT terá de equacionar situações divergentes no Paraná, onde Osmar Dias pretende disputar o governo com apoio dos tucanos e, no Maranhão, onde o ex-governador Jackson Lago (PDT) deve concorrer com a atual governadora Roseana Sarney (PMDB), também aliada do governo.

– É claro que temos uma base de apoio muito grande e é claro que em alguns palanques não será única. Isso é natural, é legítimo, já aconteceu em outros anos – minimizou Lupi. No Maranhão, de acordo com a cúpula do PT, já há uma indicação de que a ministra Dilma estará nos dois palanques: de Roseana Sarney e de Jackson Lago. O PDT ainda se reunirá para discutir como ficará a situação nos demais estados, incluindo o Paraná onde Osmar Dias já garantiu a presença de Dilma em seu palanque.

O ministro Carlos Lupi assegurou que o PDT não exigiu cargos num futuro governo de Dilma para declarar o apoio.

– O que queremos dizer é uma sinalização que o partido tem compromisso nacional. Não criamos dificuldades para obter facilidades. Não vamos esperar e fazer charme. Nossa candidata é a ministra Dilma. Vamos de corpo e alma, sem nenhuma contrapartida, estar na campanha dela – garantiu Lupi. O partido, no entanto, quer ter voz ativa na campanha de Dilma e já pediu à ministra para integrar a comissão que está elaborando o programa mínimo de governo.

Se a aliança com o PDT caminha para ser consolidada facilmente, uma definição sobre uma eventual parceria com o PSB do deputado federal Ciro Gomes deverá ocorrer somente em março. Dilma e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tiveram um jantar com o governador Eduardo Campos, prefeitos e secretários do governo do PSB, mas, de acordo com a ministra petista, não houve condições de aprofundar um diálogo sobre a intenção do PT de ter uma única candidatura da base para sucessão de Lula.

– Voltaremos a conversar em março. Até lá, dará tempo para os partidos conversarem internamente – disse Dilma.

Quinta-feira, o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), garantiu que o PMDB terá autonomia para escolher o nome que vai disputar a vice-presidência da República na chapa de Dilma, apesar das especulações de que o PT prefira outros nomes do partido, principalmente o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

– Não há qualquer problema. É uma crise artificial. Não existe no PT nenhum tipo de restrição ao Michel Temer. A indicação é do PMDB, não é nossa. Quem indica é o PMDB – declarou Berzoini.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também negou quinta-feira que existam restrições dentro do PT ao nome de Temer.

– A relação entre PT e PMDB é a melhor possível. Digo isso tanto do ponto de vista do governo quanto da relação que as direções partidárias fazem na construção de aliança em torno da ministra Dilma. A aliança vai bem – garantiu. (Com agências)

Empresário deve compor chapa com Marina

A senadora Marina Silva (PV-AC) deixou claro quinta-feira sua preferência pelo empresário Guilherme Leal, presidente da Natura, como candidato à vice na sua chapa para as eleições presidenciais.

– Há o desejo de ambas as partes, do PV e de grande parte do empresariado brasileiro – explicou Marina durante entrevista coletiva em Porto Alegre. A senadora está na cidade participando das atividades do Forum Social Mundial.

Ao lado de Marina, Leal, por sua vez, disse que a confirmação da chapa passará por um “processo de amadurecimento” que envolverá, ainda, a composição de outras candidaturas, que ainda não anunciaram formalmente os vices.

– Quando me filiei foi um gesto político. Tinha o significado de que estou a serviço do movimento que a Marina está promovendo. Os desejos, as disponibilidades políticas estão colocadas, precisam ser amadurecidas – disfarçou o empresário.

Marina elogiou Leal, observando que ele é um empresário que discutia e se preocupava com a sustentabilidade “quando o tema ainda não era moda”. A senadora e pré-candidata à Presidência da República também minimizou o anúncio do Psol de que não apoiará oficialmente sua candidatura e reafirmou que, apesar da ausência de aliança formal, vai apoiar a candidatura de Heloísa Helena para o Senado Federal por Alagoas. Marina também evitou polemizar sobre o apoio que o candidato do PV à prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições de 2008, Fernando Gabeira, recebeu do PSDB e do DEM, afirmando que se tratava apenas de “questões regionais”.

A senadora afirmou que, como todos os outros pré-candidatos, ainda não definiu uma plataforma de governo, mas que suas propostas deverão reconhecer e manter avanços das duas gestões anteriores, a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “sem aventuras na política econômica”. Marina também rebateu as críticas de que não teria experiência em gestão utilizando o exemplo do presidente Lula, que também nunca havia governado antes de se tornar presidente.