Ainda tentando entender a morte repentina de Mariana Vitória de Lima aos 19 anos, familiares se dividem entre os sentimentos de luto e pedido por Justiça. Para eles, a concessão de prisão domiciliar e a mudança na tipificação do crime de feminicídio para homicídio culposo na direção veicular, foram recebidas com indignação. Na última conversa com a mãe da jovem, horas antes do acidente, Rafael usou o celular de Mariana e enviou mensagem dizendo que cuidaria da jovem.

“Ele usou o celular da Mariana e disse que iria cuidar dela e não cuidou, ele ceifou a vida da nossa filha”, diz o padrasto, que pediu para não ser identificado e resume o sentimento da família em “indignação”. Além da jovem – a quem se declara como ‘padrasto-pai’ –, ele ainda tem outros dois filhos com a mãe de Mariana, de 5 e 7 anos. “O de sete passou a tarde toda de sexta-feira com ela, abraçadinhos. O outro de cinco tinha ido para a escola”, relembra. As mensagens foram enviadas duas horas e meia antes do acidente, na madrugada do último sábado. 

O padrasto entrou para a família quando Mariana tinha 10 anos. Desde o início do namoro entre sua filha e Rafael, ele lembra que o rapaz foi em sua casa várias vezes, acompanhado de amigos. Para ele, “o mais justo” seria a conversão da prisão preventiva em definitiva. “Estamos todos em choque. O assassino dela deve cumprir pena na cadeira”, pede o padrasto.

Junto à esposa, mãe de Mariana, eles permanecem em Amambai, cidade a 352 km da Capital, onde mora parte da família e ocorreu o enterro da jovem. “Estou indo de manhã e à tarde no cemitério. Minha esposa não quer nem levantar da cama”, lamenta.

Ele lembra de Mariana como uma menina alegre e querida por todos. Os amigos que fez durante os dezenove anos organizam, agora, sua missa de sétimo dia, prevista para às 18h30 da próxima sexta-feira (21), na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Capital. Outra missa deve ser feita também em Amambai. “Ela era uma menina feliz, contagiante e radiante”, finaliza.

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Foto: Henrique Arakaki, Midiamax

De feminicídio para homicídio culposo

Durante a audiência de custódia nesta segunda-feira (17) Rafael Souza teve a tipificação do crime cometido contra Mariana Vitória Lima de 19 anos alterada para homicídio culposo na direção de veículo automotor, ou seja, agiu de forma imprudente, sem cautela ou cuidado, mas sem a intenção de matar. Antes no dia de sua prisão havia sido autuado por feminicídio.

Segundo informações apuradas pela reportagem, a velocidade em que o carro estava ainda é analisada e apurada pela polícia que em um primeiro momento revelou a velocidade em cerca de 40 quilômetros por hora, mas a delegada acredita que o veículo estava em velocidade superior. Agora se espera pelos resultados dos laudos periciais.

Rafael teve a revogação da prisão preventiva substituída pela prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica, nesta segunda (17). Imagens de câmeras de segurança de estabelecimentos localizados na Avenida Afonso Pena mostram o momento em que começa a ‘brincadeira’ entre o rapaz de 19 anos e Mariana Vitória Lima, de subirem no capô do carro da jovem.

Os vídeos mostram que ele subiu primeiro no veículo enquanto Mariana dirigia, depois os dois trocaram. Mariana morreu após o acidente, na madrugada do sábado (15). Conforme as filmagens obtidas pelo Jornal Midiamax, o namorado de Mariana dirigia o carro da jovem e em determinado momento ele estaciona na avenida. Então, ele desce e dentro do carro ela pula para o banco do motorista. Em seguida, o rapaz sobe no capô, quando a jovem começa a dirigir.

Os dois rodam por algum tempo e depois, na segunda filmagem já próximo ao local do acidente, é possível ver que Mariana é quem estava no capô do carro. O rapaz chega a atravessar no sinal vermelho, em direção à avenida onde ele acabou colidindo contra um poste, causando a morte da namorada.