Na manhã desta quarta-feira, 11 de maio, Corumbá lançou o Plano Nacional de Redução de Acidentes Viários para a década de 2011-2020, organizado pela Agência Municipal de Transporte e Trânsito. O evento contou com entrega de panfletos e adesivos, além de uma passeata com faixas e cartazes e exposição de duas motocicletas, envolvidas em acidentes nos últimos dias. Uma delas, era a do campeão brasileiro de Muay Thai em 2010, Elton Félix Rodrigues da Silva, de 27 anos, que morreu após ser atropelado por um veículo modelo Astra na noite do dia 04 de maio.

“Hoje, Corumbá, assim como todo o Brasil, está lançando este plano nacional. A ação é acompanhada pelo Departamento Nacional de Trânsito, Conselho de Trânsito de Mato Grosso do Sul e pela Associação Nacional de Transportes Públicos, visando reduzir os acidentes em todo o país. No lançamento da campanha, alertamos condutores e pedestres que são necessários a conscientização, cumprir a legislação, usar o cinto de segurança, evitar de falar ao telefone enquanto dirige, pois a cada dia que passa, mais aumenta o número de pessoas que perdem a vida por imprudência no trânsito”, explicou Gerson Moraes, diretor-presidente da Agetrat.

A passeata percorreu as principais ruas do centro de Corumbá (Frei Mariano, Delamare, Quinze de Novembro e 13 de Junho). Estudantes, funcionários de uma rede de supermercados e de revendedoras de motos, além de policiais militares e civis, equipe de socorristas do SAMU, mototaxistas e taxistas autorizados, participaram da mobilização.

“Há três anos trabalho como mototaxista em Corumbá e posso dizer que hoje, na cidade, esse é um dos principais meios de transporte. Sinto-me abençoado, pois nunca sofri um acidente de trânsito, apesar de alguns ‘sustos’, mas tive colegas que já sofreram e tiveram muitos problemas. Quando me deparo com um grave acidente, fico assustado, mas é o serviço, então, o jeito é trafegar com muita calma, prestar atenção, até porque sempre estamos com passageiros, pessoas que nos confiam a vida para transportá-las para algum lugar. É essencial essa campanha de redução de acidentes, pois não é justo muitas vezes um inocente perder a vida por imprudência de alguém”, afirmou ao Diário o mototaxista Odinei da Silva, 33 anos.

Infrações

De acordo com estatística apresentada pela Agetrat, em 2010, Corumbá registrou 600 autos de infração a mais do que em 2009. No ano passado foram 3.081 autos de infração e em 2009 esse total chegou a 2.477 registros. Gerson Moraes explicou que esse aumento se deve ao crescimento do número de veículos circulando pela cidade. “A cada ano que passa, o número de veículos aumenta. A facilidade da compra e a queda no custo impulsionam este crescimento, mas com isso, crescem também as irresponsabilidades no trânsito”, justificou.

O celular foi o grande vilão entre as infrações. Em 2010, eles foram responsáveis pela expedição de 959 autos de infração contra condutores que desrespeitaram o Código de Trânsito Brasileiro e foram flagrados conduzindo veículos e falando ao celular. Em 2009, foram 721 autuações.

“Toda a nossa mobilização visa alertar as pessoas sobre os riscos que correm ao falar ao celular dirigindo, andar em alta velocidade, desrespeitar os sinais de sinalização, além de um dos principais riscos cometidos no trânsito, que é a ingestão de bebida alcoólica e a direção. Para tentar sensibilizar os condutores, colocamos duas motocicletas expostas na rua, uma do motociclista Elton Félix que acabou morrendo após um acidente e a outra, de uma dupla que se acidentou na BR-262 no final de abril. Os rapazes que estavam na moto ficaram gravemente feridos”, enfatizou Gerson Moraes.

As motocicletas impressionavam quem passava pelo local, pois elas foram colocadas exatamente como ficaram após os acidentes, retorcidas, quebradas. Uma delas, exibia inclusive marcas de sangue. Para quem sabia do acidente e conhecia as vítimas, se deparar com a cena foi extremamente tocante.

“Eu conheci o Elton, ele era muito meu amigo e ver como a motocicleta dele ficou após o acidente é muito difícil. Fiquei arrepiado, emocionado, a voz até fica difícil de sair. É muito triste. Vemos o quanto há de irresponsabilidade em nosso trânsito. Paramos para pensar no que estamos fazendo ao dirigir e para quem tem filho, como é meu caso, a situação é pior ainda, pois tememos que a mesma coisa ocorra com eles. Exibir essas motocicletas envolvidas em acidentes é uma cena muito forte, mas é necessário para que saibam o que está ocorrendo no trânsito e que é preciso que algo seja feito. Afinal, quantas vidas mais teremos que perder até termos consciência e passarmos a respeitar as leis?”, disse indignado José Antônio Rodrigues, 47 anos.