Estudante de 21 anos mostra fragmentos de ossos: fratura no rosto foi causada por uma manga lançada por um caminhão de coleta de lixo da empresa Financial que, segundo a vítima, não estaria ajudando no tratamento.

A estudante Jaqueline Batista Aquino de 21 anos passou por cirurgia na última quinta-feira (14) após ter fraturado o nariz em um acidente inusitado. Ela foi atingida no rosto por uma manga lançada por um caminhão de coleta de lixo da empresa Financial que, segundo a vítima, não está ajudando no tratamento.

Jaqueline conta que o motorista do caminhão fez uma curva em alta velocidade, atingiu vários galhos de um pé de manga que lançou um fruto e este, por sua vez, atingiu o rosto dela. A vítima diz que o condutor não prestou socorro. O acidente aconteceu quando ela voltava da escola às 12h30 do último dia 4, próximo ao cruzamento das ruas Onda verde e Cana verde, no bairro cidade Morena, em Campo Grande.

“Foi um moço que prestou socorro, eles ficaram de longe só olhando”, conta a estudante. Depois do acidente, ela ainda andou três quadras até a sua casa também no bairro Cidade Morena, onde foi levada por um vizinho até ao posto de saúde do bairro Moreninha III, de onde foi levada para a Santa Casa para fazer uma radiografia.

No mesmo momento, uma viatura da polícia militar foi acionada e localizou o caminhão ainda no bairro. “A polícia levou o motorista lá no posto, e ele ainda chegou nervoso dizendo que ela era ignorante e que não queria socorro”, disse Aurélio de Oliveira Batista, 50, aposentado, pai da jovem.

“Brincadeira com ela”

A família registrou um boletim de ocorrência do acidente e conta que o motorista disse na delegacia que “queria fazer uma brincadeira com ela”. Segundo o pai de Jaqueline, um funcionário da empresa, no mesmo dia, ainda a levou numa clínica médica particular, onde não conseguiu que ela fosse atendida.

“Depois eu tive que levar a minha filha para uma clínica do meu convênio, ele chegou a anotar os nomes dos remédios e assistência financeira só que não retornou mais”, contou o pai da jovem. Ele exibe um termo de notificação em duas vias pedindo assistência. O advogado da família teria tentado entregá-lo na empresa no último dia 8, porém não foi recebido.

A jovem, que mora com a família, teve que fazer um empréstimo de R$ 3.000 reais já gastos com a cirurgia e medicamentos. “Na hora que o médico abriu o meu nariz, ele ficou abismado e me disse que estava muito quebrado lá dentro”, conta Jaqueline segurando seus fragmentos de ossos da face em um saco.

Pai e filha também contaram que no dia do acidente os funcionários passaram na rua para a coleta de rotina e de forma sarcástica teriam dito que “ali é a casa da menina que quebrou o nariz”. Eles também contam que ontem a única casa que não teve o lixo recolhido foi a de sua casa.

A estudante, que desde o dia do acidente não frequenta mais a escola, ainda poderá passar por uma nova cirurgia de reconstituição óssea e plástica. “O médico falou que se a manga me acertasse mais pra cima eu poderia ter morrido. Eu não durmo direito há 15 dias, sinto muita dor no meu nariz que fica lacrimejando e sangrando”.

De acordo com o técnico de segurança da empresa, Rodrigo Ribeiro Magalhães, não houve omissão de socorro por parte dos funcionários, foi feito uma assistência no dia do acidente na qual ficou constatado na Santa Casa que não havia acontecido nada grave com a jovem. Já em relação ao termo de notificação que pede o auxílio com as despesas médicas, Magalhães informou que empresa não recebeu nenhum documento até hoje.