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Polícia

Professor denuncia vigilante por racismo após ser impedido de entrar em instituição

Professor disse que se sentiu constrangido e vai registrar boletim de ocorrência; instituição informou que adotou providências
Lívia Bezerra -
Caso aconteceu no último sábado no interior de MS. (Foto: Divulgação)

Professor, de 40 anos, denunciou um caso de após ser impedido de entrar na instituição escolar em que ministra aulas, no interior de , no último sábado (10).

Apesar do caso ter ocorrido no fim de semana, está repercutindo na comunidade e gerou diversas notas de repúdio de movimentos sociais, bem como dos núcleos de estudos da instituição.

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Após publicar seu relato nas redes sociais, o professor também compartilhou um vídeo explicando como tudo ocorreu na manhã daquele sábado (10). Ele relatou que ao chegar na guarita do campus, o vigilante lhe questionou, de forma agressiva e ríspida, sobre o que estava fazendo naquele local.

Logo, o vigilante perguntou se estaria ocorrendo algo e o professor afirmou que tinha uma aula de especialização da pós-graduação, da qual o próprio é coordenador. Ainda do lado de fora, o professor contou que viu o carro de uma aluna que faz parte de sua aula, chegando na entrada do portão.

“E eu continuei o diálogo com a pessoa que estava na portaria, dizendo ‘mas você sempre me vê por aqui, eu sou professor, aqui do campus, estou aqui todos os dias, te digo bom dia, boa tarde, boa noite’”, relatou.

Em seguida, o professor disse que o vigilante concordou, mas informou que não foi autorizado a permitir a entrada de ninguém no campus naquele dia. Neste momento, a estudante desceu do carro, questionou o ocorrido e afirmou que estava com a aula do professor marcada para a manhã daquele sábado (10).

“A estudante desceu do carro, e é importante dizer que ela é estudante branca, perguntou o que estava acontecendo e eu expliquei. Aí ela falou ‘ué, mas a gente tem aula hoje, tem o cronograma’, e nesse momento a mesma pessoa abriu o portão e falou ‘não, pode entrar então’. Eu falei que não ia entrar e perguntei ‘você falou com o chefe para autorizar a entrada?’ e ele negou e eu falei ‘então não vou entrar’”, contou o professor.

‘Constrangedor’

Assim, conforme o relato do professor, a estudante se solidarizou e disse que não iria entrar. Logo, os dois se sentaram em um banco e o docente passou a fazer ligações para as direções da instituição, mas disse que não foi atendido, em meio à situação constrangedora que estava passando.

“Eu fazia ligações para as direções, das quais nenhuma me atendeu de pronto e eu fiquei com uma situação constrangedora. Enquanto a gente estava no banco do ônibus, chegaram outros estudantes que ficaram em uma fila de carros, até que de repente o portão se abriu e todos entraram”, contou, revoltado.

Passado o episódio, o professor concluiu que foi vítima de racismo em seu ambiente de trabalho, onde leciona há 14 anos. “Eu, um homem de 40 anos, professor doutor, onde é minha casa há 14 anos, com pessoas que sabem que eu não sou desconhecido, que me cumprimentam todos os dias quando eu entro para trabalhar aqui, fui impedido de exercer o meu trabalho, de entrar dentro do campus no dia que eu tenho aula atribuída”, afirmou.

‘Vergonha é o que eu sinto’

Ao fim do vídeo, o professor relembrou um episódio semelhante, ocorrido em 2011. Na ocasião, ele e outra professora foram impedidos de entrar no campus e denunciaram o crime.

“Treze anos depois, estou aqui e volto a denunciar o racismo institucional e estrutural, a falta de tranquilidade e dignidade de uma pessoa negra exercer seu direito básico: de trabalho, cidadão e vida. Vergonha é o que eu sinto por ter vivido isso no ambiente de trabalho”, desabafou.

Apesar de relatar o crime nas redes sociais, o professor disse que não registrou boletim de ocorrência, mas está providenciando a ida à delegacia para denunciar.

Ao Jornal Midiamax, ele disse que se sentiu insignificante. “Constrangido, humilhado. Como um ser insignificante. Estou em pé graças a onda de de amigos, da comunidade negra, de ativistas, de pessoas que me conhecem e que se indignaram diante de tamanha violência. Mas de fato me sinto cansado, exausto, tentando sobreviver as violências que ainda vem após o fato, como a descredibilização de minha palavra”.

Instituição diz que adotou providências

Diante dos fatos, o Jornal Midiamax procurou a instituição que informou, através de nota conjunta, que foram adotadas as providências iniciais para a apuração. Além disso, afirmou que um levantamento de registros e imagens de câmeras de segurança está sendo feito.

Também, a instituição ressaltou que o acesso ao prédio durante o fim de semana segue normativas específicas que estabelecem a necessidade de comunicar previamente para o uso dos espaços.

“Ainda assim, a gestão compreende que todas as abordagens, inclusive por parte de profissionais terceirizados, devem se pautar pelo respeito, pela isonomia de tratamento e pela ausência de julgamentos baseados em estereótipos raciais ou sociais”, informou.

Sobre o vigilante acusado, a instituição disse que o mesmo é de funcionário terceirizado. Por isso, informou que irá oficiar a empresa responsável pedindo esclarecimentos sobre os protocolos adotados em situações de acesso às unidades fora do horário regular de funcionamento.

“Após análise dos procedimentos apresentados, a instituição poderá avaliar a necessidade de ajustes e propor a adequação desses protocolos e necessidades de capacitação, de modo a assegurar que todas as abordagens realizadas por profissionais terceirizados estejam em consonância com os princípios institucionais de respeito, acolhimento e igualdade de tratamento. Reafirmamos que atitudes racistas, em qualquer de suas formas, não serão toleradas no âmbito institucional, independentemente de sua origem ou natureza do vínculo funcional”, informou a instituição.

Por fim, a instituição afirmou que possui uma política institucional consolidada de enfrentamento ao racismo e de valorização da diversidade étnico-racial, expressa na atuação dos núcleos de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas presentes em todos os campus.

“Esses núcleos contribuem ativamente na proposição de políticas de inclusão, no desenvolvimento de projetos formativos, em processos seletivos com bancas de heteroidentificação e em ações de sensibilização da comunidade acadêmica. Reconhecemos e valorizamos esse papel estratégico, que fortalece a dimensão ética e democrática da missão institucional”.

Confira a nota completa AQUI.

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