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Polícia

‘Era meu sonho’: Construtora de Campo Grande é investigada por calotes e prejuízos milionários

A construtora é administrada por duas pessoas, que foram alvo de mandados de busca e apreensão em Bonito
Layane Costa -
(Reprodução, Polícia Civil)

O sonho de ter uma residência de madeira se tornou um pesadelo para diversas pessoas, após a contratação de uma construtora com sede em Campo Grande para a realização dos serviços. Isso porque a construtora teria dado golpes em inúmeros clientes, em vários estados, e agora é alvo da Polícia Civil.

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Inclusive, na manhã desta terça-feira (11), a Polícia Civil deflagrou a Operação ‘Fake House’ na cidade de , a 300 quilômetros de Campo Grande. Na ocasião, mandados de busca e apreensão foram cumpridos em uma casa e em um galpão alugado pelos investigados.

A construtora, com endereço inicialmente no Jardim Itamaracá, já deixou um prejuízo de mais de R$ 220 mil – que a reportagem teve acesso – em vítimas, não apenas no , mas também no interior de .

Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, a empresa foi aberta no ano de 2021, composta por duas pessoas que se apresentam como um casal, na promessa de entregar as tão sonhadas casas de madeira prontas para morar.

Entretanto, o sonho se tornou um pesadelo e um tormento na vida das vítimas. Os relatos ouvidos pelo Jornal Midiamax são quase todos semelhantes, descrevendo que a construtora inicia a obra, mas não consegue finalizar e começa a causar os inúmeros transtornos.

As vítimas relatam que a dupla vai até o local combinado para conversar sobre os negócios, entender qual seria a melhor construção até a assinatura do contrato. Após isso, vão ao local da obra para avaliar o terreno. Contudo, após a assinatura do contrato, os problemas já começam aparecer – alguns na chegada dos pedreiros.

Prejuízo de mais de R$ 70 mil

Uma dentista, de 60 anos, moradora de Santa Helena de Goiás, relatou ao Jornal Midiamax que contratou a construtora campo-grandense em maio de 2024, após ver um anúncio nas redes sociais. A casa de madeira seria instalada em uma chácara na cidade de Álvares Florence, no interior de São Paulo.

Para a assinatura do contrato, o casal foi até o consultório da vítima em Santa Helena para uma negociação. Depois, os suspeitos realizaram uma visita técnica no local da construção. Por fim, fecharam o contrato no valor de R$ 232 mil, com o prazo de entrega estimado em 120 dias, ou seja, a entrega seria em novembro do mesmo ano.

Já com o contrato fechado e ansiosa para o início das obras, a vítima realizou o pagamento da primeira parcela no valor de R$ 35 mil e, no mês seguinte, outro pagamento no mesmo valor, totalizando R$ 70 mil. Mas, desde então, só teve dores de cabeça, conforme o relato.

Durante o pagamento da segunda parcela, a dentista conta que já estava com medo, visto que o andamento da obra não estava sendo realizado da forma correta. “Esse pagamento fiz um pouco receosa, pois percebi que a obra não estava sendo bem administrada. Em julho, quando visitei a obra, pude observar que não estava sendo bem executada”, disse a dentista.

Segundo golpe

Após perceber que a construtora não iria entregar o que foi prometido em contrato, a vítima tentou continuar as obras com outros pedreiros indicados pela construtora, mas foi vítima de um segundo em mais de R$ 64 mil.

“Com muito custo, eu já tinha pago os R$ 70 mil, chegou uma equipe com outra pessoa do Paraná, indicada pela construtora. Porém, esse pessoal também é estelionatário e eu caí em um segundo golpe. O cara utilizou a madeira de forma errada e a construtora saiu da história, mas queria receber o dinheiro do caminhão de madeira”, disse.

Agora, a dentista está terminando a obra em alvenaria, devido à frustração que teve com a construtora. “É uma coisa muito triste. Ele não para, ele fica mostrando as casas, contando mentiras, e a gente empolga. Ele vai atrás e pega pessoas do mesmo perfil. Eu sou dentista, eu trabalho demais para acontecer isso com o meu dinheiro. É frustrante. Eu já fiquei doente, já fiquei chorando”, lamentou.

Sonho de um chalé frustrado em Rio Verde

Entre as diversas vítimas do calote da construtora campo-grandense, está uma , de 62 anos, que queria realizar o sonho de ter um chalé para locação no interior de Mato Grosso do Sul, em Rio Verde. Segundo a vítima, o chalé deveria ser entregue “com a chave na porta” em fevereiro deste ano, e o contrato ficou no valor de R$ 80 mil.

Com uma entrada no valor de R$ 27.300 mil, seguida de duas parcelas de R$ 16.900, a frustração só não foi maior porque a idosa foi alertada por outras vítimas sobre a construtora. “Eu descobri que eles eram golpistas antes de terminar o pagamento do contrato. Porém, no contrato, falava que, se a gente não pagasse, eles paravam a obra”, disse.

Mesmo sem pagar a última parcela no valor de R$ 16.900 mil, a idosa estima o prejuízo em aproximadamente R$ 50 mil. “Eu segurei o pagamento, mas eu tive um prejuízo de mais de R$ 50 mil”, pontuou.

Para a idosa, o seu sonho de ter um chalé atrativo para as pessoas que visitam a cidade se tornou um verdadeiro pesadelo, visto que ainda não conseguiu concluir 100% da obra no local. “Me sinto revoltada porque as pessoas [da construtora] vêm atrás de realizar um sonho. Esse chalé era o meu sonho, e eles tornaram o sonho em um pesadelo”, lamentou.

Vítimas

Após os inúmeras ‘calote’, mais de 11 pessoas já se reuniram apontando também terem sidos vítimas. Em buscas de repostas, o Jornal Midiamax procurou a construtora, mas até o fechamento desta matéria não obteve respostas. O espaço segue aberto para posicionamento.

Operação ‘Fake House’

De acordo com a Polícia Civil, o casal não tem registro formal para exercer a atividade. Os investigados realizavam contratos com as vítimas em que só havia benefícios para eles. Aos contratantes, restavam obrigações de pagamentos em curtos prazos, enquanto os ‘empresários’ usavam diversas desculpas para descumprir suas obrigações.

A Polícia Civil descobriu ainda que, quando o casal começava a descumprir os contratos, registravam boletins de ocorrências contra as vítimas. O intuito era fazer com que tivessem a oportunidade de tentar esclarecer a parcela de culpa do casal. 

“As informações obtidas é de que o casal já está agindo desta forma há alguns anos e não terminam as obras que iniciam, já que pelo contrato realizado a promessa é de entrega das casas em 100 dias úteis, que seria o prazo aproximado de pagamento total pelos contratantes. Os contratantes realizavam o pagamento de uma entrada e parcelavam em poucas vezes o restante do valor e que as vítimas realizam os pagamentos, sob ameaça de terem a obra paralisada e não entregue pelos investigados”, afirma a Polícia Civil.

Após a expedição dos mandados de busca e apreensão, os policiais foram até os dois imóveis do casal, onde apreenderam três aparelhos celulares, notebook, diversos contratos, recibos e desenhos de plantas feitos à mão. Os documentos, em sua maioria, estavam embalados e guardados em caixas, com indícios de que o casal deixaria a cidade em breve. 

Já no galpão, a polícia não encontrou nenhum funcionário, pois foi constatado que a empresa não possui colaborador contratado. Lá, foram encontradas poucas peças de madeiras e máquinas. 

Após o cumprimento dos mandados, também foi feita a quebra de sigilo de dados telemáticos e bancários, além da suspensão temporária das atividades da empresa.

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