A documentação foi entregue em 29 de janeiro, e o casamento de Caio com Vanessa ficou marcado para esta sexta-feira (14). Mas antes, Vanessa Ricarte, de 42 anos, foi assassinada com três facadas no coração por ele na última quarta-feira (12).
O relacionamento avançou muito rápido e com declarações exageradas de amor, parte da estratégia do assassino Caio Nascimento, que aplicava o ‘love bombing’ nas vítimas. Ele está preso pelo feminicídio de Vanessa.
Segundo consta no e-Proclamas, que é um edital expedido pelo Cartório de Registro Civil, quando os noivos dão entrada na habilitação para o casamento, o ex-casal participaria da cerimônia hoje, no Cartório do 2° Ofício, em Campo Grande.
No dia anterior, ao conversar com especialistas, o Midiamax falou sobre o perfil do autor do crime. O músico, além da manipular as namoradas, fazia tudo acontecer muito rápido e tinha declarações exageradas de amor, de acordo com uma ex-companheira, que prefere não se identificar e possui processo em andamento contra ele, além de uma terceira testemunha.

O que dizem os especialistas?
Ainda no dia anterior, a reportagem conversou com a psicóloga Wanessa Myria Fernandes Chavange, de 48 anos, que lamentou a morte da Vanessa e fez um alerta para as mulheres.
“Nós vemos coisas acontecendo neste sentido porque muitas mulheres vão tolerando o comportamento de um homem agressor, de um homem doente, narcisista, controlador, de um homem manipulador, então, a questão não é só deste homem. Nós precisamos entender o que acontece conosco, por que nós, mulheres, permitimos que isto aconteça conosco”, disse.
Em contrapartida, conforme a psicóloga, também vemos alguns casos de homens agredidos, manipulados, mas, o que acontece em geral, é a tolerância a este tipo de comportamento.
“Este caso não foi de uma hora para outra, provavelmente, isso já vinha acontecendo por algum tempo e até a pessoa falar isso para alguém ou expor esta questão, a pessoa fica muito envergonhada, com medo, porque já é constantemente ameaçada. O ambiente também já é pesado, perigoso, então, a mulher fica com medo mesmo, de denunciar. Ela só denuncia quando está apanhando ou quando acontece ameaças mais graves”, argumentou.
Conforme Wanessa, fica o alerta para as mulheres. “Se você percebeu alguma coisa na sua vida, que você permite que as pessoas abusem de você, se aproveitem de você, tirem sarro de você, te humilhem de alguma forma, seja na frente de alguém ou em casa mesmo, te diminuindo, tirando de você a sua individualidade, então, são pequenas ações que precisam ser observadas”, ponderou.
Sendo assim, a profissional, que também atua em relações sistêmicas, ressaltou o fato de estarmos fortalecidas – no interior – para nos defendermos. “Por exemplo, um pedófilo abusador jamais vai chegar perto de uma criança protegida pelos pais. O abusador é um caçador. Ele olha a caça e, quando ela está longe da sua família, da sua proteção, ela se torna uma presa fácil. Agora, quando se tem pais protetores, o abusador não chega. E o mesmo acontece com os homens manipuladores, agressivos, porque ele quer soltar esta agressividade em alguém. Ele quer poder humilhar, diminuir, bater e até matar essa mulher, é algo que está dentro dele. Não tem essa de surtar, então ele vai achar, do mesmo modo, esta vítima, então, ela, como permite que isso aconteça na vida dela e nem sabe, eles se unem”, disse.
Na psicologia, diz-se que é como um ímã.
“É praticamente um ímã, eles se encontram na vida. Nós mulheres precisamos estar atentas aos sinais que a sua própria vida dá, que você solta ao mundo. Você é vítima, sim. Isso acontece lá na infância, acontece em algum momento da sua história, aconteceu, e você permitiu que os abusadores cheguem até você. E infelizmente a Vanessa faleceu, foi vítima desse feminicídio, mais uma mulher, nova, 42 anos, linda, inteligente, e a gente lamenta muito pela morte dela”, encerrou.
Confira toda cobertura do Midiamax sobre o caso:
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