‘Pode bater’: Promotora mostra conversas em que Stephanie ria ao mandar Christian agredir Sophia 

Júri popular deve terminar somente ao fim do dia desta quinta-feira (5) com o veredito do Conselho de Sentença

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Promotora Livia Carla Guadanhim. (Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

A promotora Lívia Carla Guadanhim falou durante o debate no julgamento desta quinta-feira (5) que Stephanie de Jesus da Silva dava risadas ao mandar o companheiro, Christian Campoçano Leitheim, bater em Sophia Ocampo – torturada e morta aos 2 anos em janeiro de 2023.

O casal passa pelo julgamento desde quarta-feira (4), no Fórum de Campo Grande, e o júri popular deve terminar somente ao fim do dia desta quinta (5), com o veredito do Conselho de Sentença. 

Durante o debate iniciado pela promotora Lívia, ela mostrou conversas e áudios afirmando que, tanto Stephanie, quanto Christian batiam na menina. Em uma das mensagens apresentadas pela promotora, a mãe de Sophia diz que deu diversas chineladas na menina. “Dei um monte de chinelada nela, um monte mesmo, ela ficou chorando lá um tempão”, diz a ré em um dos áudios.

Já em outro momento Christian disse que iria bater na pequena e a mãe diz ‘pode bater’. Já em outra conversa, Christian afirma que bateu em Sophia e a ré responde com risos: “kkk”. 

Omissão

“Foi omissa. A atitude dela é até mais grave do que a dele. A mãe, que tem o dever de cuidar. Ela fala de boa mãe que sofria violência, mas as mensagens ela nem sequer pede para ele não bater na menina”, disse a promotora Lívia Carla Guadanhim.

Além disso, a promotora também citou que Christian orienta Stephanie a dar tapas na orelha de Sophia e ameaçou quebrar o pescoço da menina caso ela desobedeça. “Uai, é só você falar para a Sophia que não. Põe ela sentada e acabou, fala que se ela levantar, eu vou quebrar o pescoço dela. Pronto, resolvido o negócio”, diz o padrasto em áudio mostrado pela promotora durante o debate.

Em seguida, a promotora afirma que o casal merece ser condenado e justifica as qualificadoras acusadas. “Os dois merecem ser condenados pela omissão, pelo motivo fútil (porque não quis comer e não para de chorar), meio cruel (veio sofrendo e sofreu naquele dia), além de que a menina estava passando mal e eles foram jogar sinuca, beberam e usaram cocaína. A omissão dela foi fundamental para que acontecesse”, afirmou.

Promotora questiona ‘correção’ com tapas, surras e mordidas aplicadas por Christian a Sophia

Lívia Carla passou a ler documento do Gaeco que conseguiu extrair as conversas trocadas entre o casal pelo WhatsApp, em que Christian fala que ‘corrigiu’ Sophia. Em uma das conversas lidas pela promotora, o padrasto da menina dizia que havia batido nela com uma mamadeira porque Sophia se recusava a dormir.

Sophia também era agredida quando fazia xixi nas roupas. Ela estava em desfralde e as roupas sujas irritavam Christian. “Quem é mãe, quem é pai, sabe como funciona a questão dos desfraldes, né? É uma lavação de roupa, lençol, sofá, o tempo inteiro. Porque aquela criança, acho que tá aprendendo. Como nós aprendemos. É só aprendendo”, disse a promotora.

‘Nunca troquei a fralda’

Christian Campoçano negou também que tenha estuprado a menina, relatando que nunca nem trocou a fralda da enteada. Sophia morreu em janeiro de 2023. 

O padrasto de Sophia falou durante o julgamento que nunca dava banho na menina e que nunca havia trocado a fralda de Sophia, apesar de pedidos de Stephani. “Eu falava para ela que se alguém visse eu trocando fralda ou dando banho podia achar estranho.’, falou. 

Conforme o relato de Christian, ele já havia pedido para Stephanie que ensinasse a Sophia a tomar banho sozinha para que não fizesse este trabalho. Ele ainda disse que só ajudava a Sophia e o filho a lavarem o cabelo porque eles ainda não conseguiam fazer sozinhos. 

Christian negou que tenha estuprado Sophia. “Nunca tive intenção nenhuma de fazer alguma coisa.”, disse aos jurados. Quando questionado novamente sobre o trauma raquimedular sofrido por Sophia decorrente de uma agressão, ele negou que tenha agredido a enteada.

“Eu não sei, não vi doutor.”, respondeu Christian.

Assassinato de Sophia

Sophia morreu em janeiro de 2023, após passar por várias internações. Assim, as investigações mostraram que a mãe levou a menina até uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida. A mulher chegou ao local sozinha e informou o marido sobre o óbito.

Além disso, a polícia identificou indícios de estupro na vítima. Ainda durante as investigações, uma testemunha contou que após receber a informação sobre a morte de Sophia, o padrasto teria dito a frase: “minha culpa”.

Também uma das contradições apontadas na investigação é o fato da mãe dizer que antes de levar a filha para atendimento médico, a menina teria tomado iogurte e ido ao banheiro.

Essa versão é contestada pelo médico legista, que garantiu que com o trauma apresentado nos exames, a criança não teria condições de ir ao banheiro ou se alimentar sozinha.

Por fim, a autópsia apontou que Sophia pode ter agonizando por até seis horas antes de morrer. Após o início das investigações, a polícia prendeu o padrasto e a mãe da menina. Eles seguem presos.

Sophia foi torturada e morta aos 2 anos. (Reprodução, Redes Sociais)

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