Marido que matou Marlene na frente da filha de 11 anos em Amambai é denunciado pelo MPMS

Marlene foi assassinada com nove facadas há duas semanas e marido foi preso em flagrante

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Marlene foi assassinada com nove facadas pelo marido. (Reprodução: Redes Sociais)

Homem, de 51 anos, que matou a esposa Marlete Salete Mees, de 44, na frente da filha de 11 anos, no último dia 23 de setembro, foi denunciado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), em Amambai, a 351 quilômetros de Campo Grande.

Marlene foi assassinada com nove facadas por volta das 20 horas de uma segunda-feira. Naquele 23 de setembro, a filha da vítima ligou para o 190 pedindo ajuda e dizendo que seu padrasto estava trancado no quarto com sua mãe e que a havia esfaqueado.

O marido da vítima acabou preso em flagrante quando foi flagrado pela polícia tentando fincar mais ainda a faca no tórax da mulher. Durante o interrogatório na delegacia, o homem confessou o crime e disse que estaria inseguro pelo fato de que Marlene estava o pressionando para arrumar um emprego. 

Nesta terça-feira (8), duas semanas após o assassinato de Marlene, o acusado foi denunciado pelo MPMS por homicídio qualificado. Entre as qualificadoras impostas pela Promotora de Justiça Lenize Martins Lunardi Pedreira na denúncia estão: motivo torpe; recurso que dificultou a defesa da vítima; uso de meio cruel e condições de sexo feminino envolvendo violência familiar (feminicídio). 

Conforme o MPMS, a denúncia já foi recebida pelo Poder Judiciário e o marido da vítima deve ser citado em breve para apresentar resposta à acusação.

Marido estaria inseguro pelo desemprego

Segundo o delegado titular da Delegacia de Amambai, Guilherme Tiago de Andrade, o autor, afirmou em depoimento à polícia que Marlene estava o pressionando para arrumar um emprego. “O que ele disse que deu para entender é que ele estava com problema financeiro. Estava procurando trabalho, não conseguindo e ela estaria pressionando ele”, explica.

Em depoimento, o marido de Marlene também chegou a dizer que a esposa estaria com comportamentos que antes não tinha. “Segundo ele disse, ela teria mudado nos últimos tempos, estaria saindo e não avisando mais ele, que antes ela fazia e não estava fazendo mais. Inclusive, no dia, ela teria saído e trancado a porta e ele chegou e ficou esperando do lado de fora com as crianças dele. E ela chegou e não deu satisfação nenhuma”, afirma.

O feminicídio teria ocorrido após uma briga do casal, nesse mesmo dia. Marlene e o marido foram conversar e passaram a discutir. Conforme o delegado, o homem chegou a dizer que a mulher partiu para cima dele com uma faca, mas ele tirou da mão dela e a contra-atacou.

“Essa última parte não me pareceu muito crível nem condizente com o cenário que a gente encontrou, ou com o que ele disse na hora que chegamos ao local”, explica.

Guilherme Tiago disse que o suspeito, em momento algum, alegou ter agido em legítima defesa no dia do crime. O suspeito reafirmou a discussão e o ataque à esposa e teria demonstrado estar arrependido, tanto que tentou tirar a própria vida.

Segundo a Polícia, o homem não tinha histórico de violência anterior com Marlene. “Não me pareceu que a briga tenha se originado por motivo de ciúmes, mas que ele estava se sentindo cada vez mais dispensável e deixado de lado”, explica.

Feminicídio de Marlene

A polícia foi ao local e chegou a flagrar o homem em cima de Marlene tentando fincar mais ainda a faca em seu tórax. Os policiais ouviram gritos de socorro de Marlene, sendo que assim que forçaram a porta para entrar, os militares encontraram a vítima em cima da cama ensanguentada e pedindo socorro.

Ela foi atingida com nove facadas. No chão havia grande quantidade de sangue e, ao lado da porta, sentado e encostado na parede estava o autor, o qual tinha duas perfurações no tórax e segurava a faca contra seu pescoço e seu abdômen, falando que iria tirar a própria vida. 

Os policiais tentaram negociar com o homem para que largasse a faca e permitisse a entrada do Corpo de Bombeiros para prestar os primeiros socorros.

Ao verificar que a vítima estava perdendo muito sangue e necessitava de socorro foi necessária a intervenção imediata. O autor estava resistente e dizendo “não entra não que vai dar ruim!”, com a faca em mãos, fazendo pressão no intuito de afundar a lâmina no peito.

Os militares fizeram disparos de bala de borracha contra a mão do autor para que ele largasse a faca. Ele foi contido e recebeu voz de prisão. Marlene acabou morrendo no local antes de ser socorrida.

Homem ameaçou matar ex a facadas para não pagar pensão

A ex-mulher do autor procurou a delegacia em dezembro de 2018, quando registrou um boletim de ocorrência. Na época, ela relatou que tinha dois filhos de 3 e 4 anos com o ex-companheiro. 

Na delegacia, a mulher disse que na separação ficou acordado que o autor pagasse o valor de R$ 380, sendo que ele não havia feito o depósito da pensão, e ela teria ido cobrá-lo.

Ao fazer a cobrança ao ex-marido, ele a ameaçou de morte. “Toma cuidado porque sexta ou sábado estou indo para a cidade e se eu encontrar você na rua eu vou atropelar você com o carro; ou senão vou matar você com dez facadas, ou cedo ou mais tarde eu vou te matar (sic)”, disse por telefone.