Foragido por envolvimento em ‘execução de cinema’ no Macaúbas nega: “Fui vítima”

Sérgio Arruda Gonçalves é acusado de informar paradeiro de vítima em morte encomendada de dentro da cadeia

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Sérgio é julgado a distância – (Fotos: Victória Bissaco, Leonardo França)

A distância e foragido por envolvimento na morte de Everton Alexandre Farinha dos Santos, de 33 anos, em um lava a jato no Jardim das Macaúbas, em abril de 2022, Sérgio Arruda Gonçalves negou, na manhã desta quinta-feira (26), qualquer envolvimento na execução. O homem é acusado de descobrir a localização da vítima e avisar o mandante do crime, Lucas Cardoso Gomes, que estava preso.

As investigações do GOI (Grupo de Operações e Investigações) apontam que Sérgio foi contatado por Lucas e contratado no valor de R$ 5 mil para descobrir o paradeiro da vítima. A informação foi dada pelo ex-investigador Alan Carlos da Silva.

A motivação da execução seria um envolvimento de Lucas com a ex-esposa de Everton. “Segundo apurado, o Everton estava preso e neste período, a esposa dele se envolveu com Lucas. Quando ele saiu da cadeia, soube do caso extraconjugal, então, Lucas e Everton se ameaçaram”, explica. Conforme o ex-investigador, Everton foi quem ameaçou Lucas primeiro. “Que ameaçou de volta. Então, começou essa guerrinha entre eles”, explica.

Ex-investigador apontou Sérgio como ‘localizador’ da vítima – (Foto: Ana Laura Menegat)

No dia do crime, 8 de abril de 2022, Sergio teria descoberto a localização de Everton e avisado Lucas, que mandou dois homens para matar o alvo.

A PM recebeu informações de que, dias antes do crime, um homem estaria fazendo rondas no lava a jato. Esse homem seria o réu. A PM foi até a casa de parentes, mas não conseguiu localizá-lo. Um dia depois da busca por ele, o pai dele ligou para o GOI para “esclarecer” o que havia ocorrido. “Eu conversei com o pai dele e ele disse que o filho tinha envolvimento, mas queria esclarecer os fatos”.

Aos policiais, disse que o Lucas – preso na época – entrou em contato com Sergio pedindo para localizar o Everton Farinha. Ele encontrou o homem e mandou a localização do lava a jato e uma foto para o Lucas. Dias depois, a vítima foi assassinada. “Essa foi a participação dele”, resumiu o ex-investigador.

“Nem estava sabendo”

Sérgio foi embora do estado durante o andamento do processo. Agora, encontra-se em Rio Branco, no Acre. Então, por ter um mandado de prisão expedido contra ele, está foragido da Justiça sul-mato-grossense. Contudo, nega intenção de se entregar. “Me apresentar à polícia? Eu não, não tenho nada a ver”, afirma.

Sérgio negou o crime – (Foto: Victória Bissaco)

Conforme relato dele, não conhece diretamente Lucas nem Everton, e apenas fez serviços de manutenção na casa da ex-esposa de Lucas quatro vezes. Sérgio afirmou, ainda, que soube da execução de Everton pela prima dele. “Na cabeça de todo mundo fui eu, mas eu não fiz nada. O meu caminho sempre foi do trampo para casa. Nunca me envolvi em crime nem nada”, diz.

Sérgio alegou ser vítima da Polícia, que, segundo depoimento dele, tramou para que confessasse à polícia o envolvimento. “É totalmente mentira que meu pai se disponibilizou a falar. Eles invadiram minha casa, invadiram quatro ou cinco casas atrás de mim. Eu não fiz nada. Fiquei em choque com os próprios policiais, que foram para me matar. Mas eu nem estava sabendo de nada. Eu fui uma vítima”, afirma.

Apenas um réu

Sérgio responde por homicídio qualificado por motivo torpe. O segundo réu do processo é Lucas Cardoso, que teria encomendado a morte do rival de dentro da cadeia.

Nesta manhã, contudo, apenas Sérgio é julgado pelo Tribunal do Júri. Isso porque a defesa de Lucas apresentou recurso contra à pronúncia dele a passar pelo Júri Popular.

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