Corpo de indígena morto em MS aguarda chegada de legistas da PF de Brasília

Confronto aconteceu no Território Indígena Nhanderu Marangatu, em Antônio João

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(Reprodução Redes Sociais)

O corpo do indígena Guarani Kaiowá Neri da Silva, de 23 anos, que foi levado para o IML (Instituto Médico Legal) de Ponta Porã, a 346 quilômetros de Campo Grande, ainda não foi periciado. Uma equipe de legistas da Polícia Federal de Brasília é aguardada no local.

Neri morreu nesta quarta-feira (18) em confronto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, no território indígena Nhanderu Marangatu, em Antônio João. Segundo a polícia, os indígenas estavam armados com estilingues, flechas e armas de fogo.

Versão da polícia

Ainda de acordo com os militares, por volta das 5h30, no amanhecer do dia, quando equipes do Choque estavam realizando policiamento, durante o cumprimento de decisão judicial na Fazenda da Barra, os policiais perceberam a movimentação dos indígenas.

Eles teriam feito uma tentativa de contato com os indígenas, porém os militares acabaram sendo surpreendidos pelos indígenas com estilingues, flechas e disparos de arma de fogo. Neste momento, ocorreu o confronto entre os índios e os policiais. De acordo com informações da polícia, o grupo de indígenas atirava contra os militares.

Com isto, um indígena acabou sendo ferido a tiros. Segundo informações, Neri foi visto atirando diversas vezes contra os policiais, revezando uma arma longa com outros indígenas.

Durante a varredura, foi localizado próximo ao local do confronto uma arma de fogo tipo espingarda adaptada para calibre 22, além de outra arma de fogo tipo, espingarda calibre não identificado até o momento com uma luneta próximo a ela.

Foram apreendidos no local flechas de metal, facas e facões, machado, martelos entre outros materiais utilizados como impropérios contra a tropa.

Secretarias e ministério deverão enviar parecer

Em complemento, o juiz destacou que as equipes policiais devem zelar “pelo respeito à vida, à integridade física e aos direitos fundamentais de todas as pessoas envolvidas, com o objetivo de buscar solução pacífica do conflito”.

Além disso, a Sejusp (Secretaria da Segurança Pública do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul), a Força Nacional de Segurança e Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) deverão apresentar relatório acerca da situação e das providências adotadas por cada órgão, no prazo de 5 dias. O Ministério dos Povos Indígenas também deverá apresentar um parecer sobre providências adotadas acerca do problema.

Polícia Federal acompanha o caso

Segundo o advogado do Cimi (Conselho Missionário Indigenista), a atualização mais recente é de que a Polícia Federal estaria no local para periciar o corpo. Após contato do Midiamax, a PF informou que, no momento, ainda não há informações oficiais para divulgar.

A princípio, o que se sabe, ainda conforme informações extraoficiais e denúncias das entidades indigenistas, é que outras pessoas foram feridas, mas ainda não se sabe a gravidade e quantidade de pessoas.

Vídeos e imagens do momento de violência foram divulgadas pelo Cimi e pela Aty Guassu, que representa os Guarani-Kaiowá.

Segundo as entidades, a tropa de choque teria atacado os indígenas. Por outro lado, fontes ligadas à polícia afirmam que um grupo de indígenas armados teria investido contra a equipe.

O conflito na área acontece desde o início do mês, quando indígenas teriam ateado fogo em uma ponte na região, deixando PMs ilhados. 

Funai abre investigação

A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) informou que a Procuradoria Federal Especializada foi acionada para investigar a morte de Neri. Em nota, a fundação lamentou a morte diante dos violentos ataques sofridos pela comunidade Guarani, categorizando como “brutalmente assassinado com um tiro na cabeça”.

“A Funai informa que já acionou a Procuradoria Federal Especializada para adotar todas as medidas legais cabíveis e está comprometida em garantir que essa violência cesse imediatamente e que os responsáveis por esses crimes sejam rigorosamente punidos. O conflito também tem sido monitorado por meio da CR-PP (Coordenação Regional em Ponta Porã)”, diz o comunicado.

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