‘Boca da Angelina Jolie’: 2ª vítima relata gasto de R$ 2,5 mil e ultrassom para saber o que foi aplicado
Manicure diz que custeia tratamento médico e ultrassom na boca descartou PMMA, mesmo produto usado em Andressa Urach
Graziela Rezende –
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Há sete meses, M. A. A. R., de 36 anos, realizava um sonho: inaugurar um salão de beleza na Vila Sobrinho, em Campo Grande. Na ocasião, o apoio do marido foi fundamental para ajudá-la a empreender e assim conquistar novas clientes e até “um novo mundo”, já que é de origem estrangeira. A intenção era crescer no espaço físico e nas redes sociais, com parcerias. A mais recente, no entanto, resultou em procedimento malsucedido em sua boca e que foi necessário até fazer ultrassom para descobrir a procedência do ácido.
Tudo ocorreu na última sexta-feira (13), mesma data em que uma esteticista, de 26 anos, que conversou com o Jornal Midiamax, fez o preenchimento labial e também teve sequelas. “Eu fiz o boletim de ocorrência, foi instaurado um processo criminal e, da mesma forma, fui ao Imol [Instituto de Medicina e Odontologia Legal] ontem. Já gastei mais de R$ 2,5 mil até o momento e fiz até ultrassom na boca, para descobrir qual a procedência do ácido hialurônico que foi usado”, afirmou.
Ainda muito inchada, a manicure disse que fez o procedimento por volta das 16h. Na ocasião, havia feito uma permuta com a estudante de biomedicina, a qual também se identificou como biomédica para ela. “Tenho todos os prints da nossa conversa guardados aqui. Ela iria fazer a minha boca e abater R$ 600 em unhas. Ela não preencheu ficha alguma comigo, mas, por ser algo informal, uma permuta, achei que estava tudo certo. Só que já no mesmo dia comecei a sentir uma dificuldade para respirar, além do lábio muito inflamado”, argumentou.
‘Fui no posto e todo mundo ficou assustado’, diz vítima
Nas próximas horas, a manicure disse que, além da dor, viu que o lábio “parecia uma linguiça” e decidiu procurar uma farmácia. “Ela me mandava tomar antialérgico, só que eu já tinha tomado em casa e, obviamente, nenhuma drogaria aceitou aplicar o injetável porque teria outra complicação, então, fui no posto de saúde da Coronel Antonino. Ao chegar lá, todo mundo ficou assustado: mediram pressão, aplicaram adrenalina e ficaram com medo de eu ter um choque anafilático, então, me deram analgésico na veia e anti-inflamatório”, relembrou.
Ao todo, a manicure diz que ficou das 23h de sexta (13) até a madrugada de sábado (14), por volta das 4h. “Neste período ela [suspeita] entrou em contato e ficou enrolando, dizendo que eu precisaria remover o ácido, mas, ela estava sem a chave do consultório. Me perguntou se eu estava com febre, me mandou colocar compressa e comprar um creme que é para fimose, mas, contém hialuronidase, informando que ia dissolver o ácido hialurônico. Depois eu voltei pra casa e fiquei lá, só que no domingo eu acordei com muita dor, a ponto de realmente ficar preocupada”, disse.
Ao mesmo tempo, a manicure disse que recebia mensagens da estudante de biomedicina, dizendo a ela para ficar calma e “esperar até segunda-feira”. “Só que aí eu comecei a procurar outros médicos, por conta dos gânglios e a glote. Foi aí que achei uma profissional. Esta realmente é biomédica e está avaliando o meu caso. Por conta do quadro alérgico, fiz ultrassom com a intenção de descobrir o produto usado, ainda mais porque está duro o meu lábio”, afirmou.
De acordo com a manicure, o marido dela passou a conversar com a estudante. “A gente mandou mensagem porque, no final, ela já estava falando em três marcas diferentes. Meu marido pediu para ela ser sincera, dizer o que estava acontecendo, ainda mais porque meus olhos estavam começando a ficar vermelhos, a boca branca e percebemos que ela estava mentindo. Ela mentiu em tudo e depois foi falar que não era biomédica”, lamentou.
No caso do ultrassom, a manicure diz que o uso de PMMA já foi descartado. “É o produto que foi usado na Andressa Urach e ficou famoso, principalmente por não ter permissão sanitária. Daí o meu marido ainda continuou a conversa e ela falou que não tinha nota fiscal de nada. Eu fiquei chateada porque, ao mesmo tempo, tudo estava acontecendo com a esteticista também e ela não me falou nada. Eu podia ter morrido”, disse.
Neste caso, a manicure diz que o boletim de ocorrência também foi registrado por lesão corporal dolosa e exercício ilegal da profissão. “Eu estava confiante que a parceria ia dar certo. Somos mulheres, a gente sabe o quanto o boca a boca é uma excelente propaganda e por isso levei panfletos, mimos do meu espaço e ela ainda falou que, me deixaria descansar e, na segunda, ela já ia lá fazer a unha comigo”, relembrou.
A manicure diz ainda que a intenção é conscientizar as pessoas com esta atitude criminosa. “Vi algumas pessoas comentando que a vítima era culpado, que o barato sai caro. É como dizer que a pessoa estuprada é culpada pelo estupro. A pessoa dizia ser biomédica e, inclusive, tem uma reportagem falando do trabalho dela em outro jornal. Eu confiei. E agora estou com minha agenda fechada por tempo indeterminada. Precisei fazer um post no Instagram, porque as clientes estavam me perguntando o que aconteceu”, finalizou.
A reportagem do Jornal Midiamax está tentando contado com a estudante de biomedicina, denunciada pelas vítimas. Até o momento, não conseguimos. O espaço segue aberto para esclarecimentos.
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