Fechado, Imol da Casa da Mulher fez 113 atendimentos em quase um mês em Campo Grande
Sala do Imol funcionou do dia 31 de março até 27 de maio
Danielle Errobidarte, Mirian Machado –
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A sala do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) instalada na Casa da Mulher Brasileira atendeu 113 vítimas em quase dois meses de funcionamento. Os exames de corpo de delito realizados no local foram suspensos a partir dessa segunda-feira (29) após contestação do CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul).
Conforme explicado pela subsecretária de Políticas para a Mulher, Carla Stephanini, ao Jornal Midiamax, a Coordenadoria Geral de Perícia iniciou um diálogo com o CRM para tratar do assunto. “Por força do parecer do CRM, o atendimento do Imol na CMB está prejudicado”, afirmou.
Ainda segundo a subsecretária, foi realizada reunião entre os membros do Colegiado Gestor da CMB após a determinação do CRM. “O colegiado, em manifestação prévia, defendeu a permanência da sala do Imol na Casa, que está devidamente adequada para funcionamento”, finalizou.
Inaugurada no dia 31 de março, a sala funcionou apenas até o sábado (27), como confirmou a superintendente da Casa da Mulher Brasileira, Thai Losche, ao Jornal Midiamax. O CRM se apoiou na resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina) 1.635/2002, que proíbe médicos de realizarem exames médico-periciais de corpo de delito nas dependências de delegacias.
Na Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande, funciona a Deam (1ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), além de contar com salas da PM (Polícia Militar) e GCM (Guarda Civil Metropolitana), além de outros diversos serviços.
“Estas determinações do Conselho Federal de Medicina existem há mais de 20 anos e foram construídas no sentido de proteger o médico legista de qualquer tipo de constrangimento, o qual possa interferir em uma avaliação técnica. Desta forma compreende-se que as atividades legistas aplicadas por um profissional médico devem ser feitas fora de um ambiente de delegacia ou similar”, diz o presidente do CRM, José Jailson de Araújo.
Sejusp defendeu instalação
Questionada, a Sejusp (Secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública) defende que a instalação do Imol na Casa da Mulher Brasileira e no Cepol (Centro Especializado de Polícia Integrada) são medidas “para aperfeiçoar o atendimento às mulheres e crianças vítimas de violência”.
Então, destacou que o Imol completa os serviços da Casa da Mulher. “Além disso, pretendemos fazer mais campanhas de prevenção combatendo a violência contra a mulheres”, afirmou.
“A SEJUSP lamenta o parecer do CRM que inviabiliza, de momento, os atendimentos dos peritos médicos-legistas nos locais de registro de ocorrências policiais, mesmo não se tratando de típicas delegacias de polícia, já encaminhou consulta à PGE sobre a legalidade da premissa legal apresentada pelo CRM e tem buscado chamar os órgãos envolvidos em uma solução de consenso, inclusive com disposição de proceder as adequações necessárias, de forma que o cidadão seja a prioridade”, diz nota enviada ao Jornal Midiamax.
A pasta ainda ressalta que os presos são examinados em um posto do IML do Fórum de Campo Grande após as audiências de custódia, para gerar “economia e segurança aos profissionais de segurança pública, inclusive aos peritos médicos-legistas”.
Ministra inaugurou a sala
A ministra da Mulher, Cida Gonçalves, inaugurou a unidade do Imol da Casa da Mulher Brasileira de Mato Grosso do Sul.
“Depende das negociações de cada Estado, porque o Imol é muito especializado, não sendo tão fácil de negociar”, explicou. Presente na inauguração, a prefeita Adriane Lopes (Patriota) disse que “o serviço que faltava está sendo implementado hoje, muitas mulheres desistem de dar continuidade nas tratativas quando eram enviadas ao Imol”.
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