Preso em MS por lavar dinheiro com criptomoedas movimentou R$ 21 milhões em menos de dois anos

Ele foi preso após quebra de sigilo bancário apontar movimentação suspeita

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Cofre apreendido com envolvido no esquema de 'criptomoedas' (Foto: Sidnei Lemos)

Empresário de 46 anos, detido em flagrante e também preso preventivamente na quarta-feira (25) durante a Operação Intruso, é acusado de movimentar quase R$ 22 milhões em um período de 18 meses, dinheiro que segundo as investigações da Polícia Civil seria de origem ilícita. Ele é investigado por lavagem de dinheiro.

O homem, que tem uma empresa de compra e venda de criptomoedas, foi preso em Dourados, cidade distante 225 quilômetros de Campo Grande. “Estranho”, disse o advogado Maurício Rasslan sobre a prisão do cliente. Isso, porque as investigações da organização criminosa já ocorrem há pelo menos dois anos, período em que vários integrantes já foram presos.

Para o advogado, é estranho que tenha ocorrido a prisão agora, sendo que a polícia sabia onde o cliente morava, também a ocupação e que tem bons antecedentes. “O processo está em sigilo, não sabemos do que ele está sendo acusado”, disse ao Midiamax.

Movimentação de dinheiro

Conforme apurado pelo Midiamax, o pedido de prisão e de busca e apreensão contra o empresário foi feito após a polícia conseguir o afastamento do sigilo bancário e fiscal de investigados. Com isso, foi ampliada investigação da Polícia Civil de Pernambuco, que identificou componentes da organização criminosa, origem da droga e também a forma como o grupo lavava dinheiro.

Foi identificado pela Polícia Civil o envio de valores por parte dos membros da organização criminosa para contas de possíveis fornecedores de drogas em outros estados. Também foi identificada série de transações na conta do morador em Dourados, que conforme a polícia recebeu “remessas de dinheiro de traficantes de drogas, bem como de criminosos e visitantes de presos”.

A suspeita é de que os valores recebidos, sem justificativa econômica, indiquem lavagem de dinheiro. Em interrogatório, o acusado disse que os valores recebidos por parte da empresa dizem respeito ao negócio em que trabalha, de bitcoins.

Ele foi questionado sobre as transações de R$ 21.968.225,83 a crédito e R$ 21.962.531,69 a débito, reafirmando que tudo seria pela atividade com criptomoedas.

Líder da organização criminosa

Apontado como liderança da organização criminosa, Mauro Sérgio de Souza Feitosa, o ‘Maurinho’, está detido no Presídio Federal de Campo Grande. Mesmo cumprindo pena em Abreu e Lima (PE), o ‘Rei da Maconha’ atuava no tráfico de drogas e, após operação em 2020, foi transferido para Mato Grosso do Sul.

A operação de quarta-feira aconteceu após investigações em parceria entre as Polícias Civis de Sergipe e Pernambuco. Nesta quarta, são cumpridos quatro mandados de prisão temporária e 6 de busca e apreensão em Sergipe, no âmbito do tráfico de drogas. Segundo a polícia, desde 2020 ao menos 20 pessoas já foram presas.

De acordo com a delegada Mayra Evangelista, a investigação apurou uma organização criminosa de tráfico de drogas interestadual com ramificação em vários estados e, inclusive, praticava a comercialização da maconha conhecida como skunk. Maurinho era conhecido como ‘Rei da Maconha Skunk’.

“Na manhã desta quarta-feira, vários estados cumpriram medidas idênticas em suas unidades dos indivíduos que foram identificados não só a partir da investigação do tráfico em si, mas também de um brilhante trabalho do Laboratório de Lavagem de Dinheiro de Pernambuco”, revelou.

Conforme a delegada, a operação também impacta financeiramente no grupo criminoso. “É uma operação que resulta não só na apreensão de drogas, identificação de autorias, mas também em prejuízo financeiro aos criminosos, com a apreensão de bens, sequestro de valores e bloqueio de contas”, acrescentou.

“É a operação final de uma série de outras operações que foram desencadeadas, também inclusive no estado de Sergipe, onde houve uma investigação independente que culminou na prisão e revelação de autoria de tráfico de drogas e associação ao tráfico de diversos indivíduos aqui do estado durante os anos de 2020 e 2021”, pontuou.

Com alvos em Dourados, a organização criminosa estaria utilizando criptomoedas para lavar dinheiro do tráfico de drogas.

Transferido para Campo Grande

Em 24 de setembro de 2020 foi realizada a Operação Xeque-Mate, pela Polícia Civil de Sergipe, com ações também em Alagoas, Pernambuco e Mato Grosso do Sul. Chefe da organização criminosa voltada para o tráfico de skunk, Maurinho foi transferido para o Presídio Federal em Campo Grande.

Segundo as informações da polícia, a intenção era desarticular o grupo criminoso, especializado no tráfico de skunk. A droga chegava a ser vendida a R$ 15 mil o quilo na região nordeste do país. Ainda na manhã desta quinta-feira, dois integrantes da organização criminosa, de 18 e 38 anos, entraram em confronto com a polícia em Aracaju e não resistiram aos ferimentos.

Além disso, a mulher de 38 anos era considerada liderança da organização nas ruas e era bastante conhecida por ter um perfil violento. Também seria responsável por ordenar execuções de traficantes rivais. Ainda segundo a polícia, as investigações tiveram início no fim de maio daquele ano, após identificação do crescimento no tráfico de skunk em Sergipe.

Maurinho vendia o skunk em grandes quantidades e tentava se tornar fornecedor exclusivo, além de se intitular o ‘Rei da Maconha Skunk’ em Sergipe. Inclusive este foi o motivo que deu nome à operação de Xeque-Mate, uma alusão à movimentação final do xadrez.

Também segundo a polícia, Maurinho é autor de roubos e tem 12 condenações em Sergipe, inclusive por crime de extorsão mediante sequestro e tentativa de homicídio. Além do tráfico, o grupo também enviava armas e munições em carregamentos, junto com a droga, de Recife para Sergipe.

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