Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos, acusado do feminicídio da esposa, Francielli Guimarães Alcântara, de 36 anos, tentou induzir os médicos ao erro. A vítima foi encontrada morta na casa em que vivia, no Caiobá, e inicialmente os médicos identificaram morte natural, mas depois acabou descoberta a morte violenta.

Conforme o delegado Camilo Kettenhuber, da 6ª Delegacia de Polícia Civil, após o feminicídio Adailton disse ao filho de 17 anos que Francielli tinha tomado medicamentos e morreu. Ele saiu da casa e câmeras de segurança flagraram o momento em que ele foge, logo após o assassinato.

A princípio, o relato do adolescente aos médicos teria sido o que o pai contou. O caso foi registrado pelo Samu e pela funerária como morte natural. Segundo o delegado, ele estranhou as lesões no corpo e a morte de uma mulher tão jovem, como morte natural. A partir daí, foi esclarecido que a vítima morreu por estrangulamento.

No entanto, além do ferimento no pescoço que indicava o estrangulamento, a vítima tinha vários outros hematomas pelo corpo. Marcas de faca, cabelo que teria sido cortado pelo marido, ferimentos na cabeça, unhas e dentes quebrados. Tudo indicava a tortura que Francielli sofreu por aproximadamente um mês.

As nádegas da vítima estavam já sem a pele, pelas agressões que sofria do esposo. Para cobrir, ela usava bandagens. Durante a investigação, a família da vítima procurou a 6ª Delegacia, então relatou a violência que Francielli sofria.

Cárcere e tortura

“Nunca tinha visto um caso assim, que me chamasse tanta atenção. Esse caso foi estarrecedor”, relatou Camilo, que é delegado há 11 anos. Segundo o delegado, o filho da vítima de 17 anos chegou na delegacia em choque e transtornado após a morte da mulher e estava acompanhado de uma tia.

Foi identificado que o jovem também era mantido em cárcere privado e ameaçado, sofrendo violência psicológica para que não falasse para ninguém sobre o que presenciava em casa. Ele também era responsável por todos os afazeres domésticos e era ameaçado para cuidar do irmão mais novo.

O bebê de 1 ano e 8 meses seria fruto de uma traição. Francielli teria contado ao marido sobre o caso extraconjugal, quando começaram as sessões de tortura. A todo momento, segundo relatou o delegado, o homem questionava o motivo das traições. A qualquer tentativa de resposta, Francielli era brutalmente agredida.

Adailton levava a vítima para o quarto, onde aconteciam as sessões de tortura. Ele está foragido e equipes fazem buscas pelo acusado, que responderá pelo feminicídio, cárcere privado, violência psicológica e tortura. O caso será investigado pela (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).