“Ele perguntou se maconha ou cigarro dava mais dinheiro”, diz réu acusado de matar após discussão em bar no Tijuca

Testemunhas afirmaram que autor saiu para buscar arma e carregador de pistola foi encontrado dentro de panela de barro

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(Foto: Henrique Arakaki – Jornal Midiamax)


É julgado em júri popular nesta terça-feira (24) Elias Martins, de 39 anos, acusado de matar a tiros Alaor da Silva Borges, de 55, no dia 10 de junho de 2018, após uma discussão no Bairro Tijuca, em Campo Grande. Segundo testemunhas, a vítima foi atingida por quatro disparos, dois dados na cabeça após Alaor já ter caído ao chão.

O proprietário do bar onde a vítima foi morta disse que o conhecia há 15 anos e que, durante a discussão que antecedeu o crime, Elias chamava Alaor de “amigo”, e a vítima dizia que era “inimigo” dele. Contudo, ele relatou se lembrar que, a princípio, “era apenas uma discussão de bar”, pois ambos já tinham ingerido bebida alcoólica e jogavam sinuca no local.

“O Alaor levava a mão no Elias, e o Elias falava “não encosta em mim”. Na terceira vez, o Elias puxou a pistola e apontou. Eles estavam numa distância de uns dois metros”, afirmou. A pistola calibre 9 mm de Elias foi apresentada na delegacia quando ele se apresentou, dias após o crime.

A arma não era registrada e, em depoimento, o réu disse ter comprado a pistola no lado brasileiro de Bela Vista, mas as munições no lado Paraguaio, na fronteira. Segundo dois policiais que também prestaram depoimento no júri, foram encontradas 6 cartuchos no local e, logo após a chegada da perícia, foram feitas diligências na casa de Elias, onde também encontraram dois carregadores, com 15 munições, dentro de uma panela de barro.

Elias confessou ter matado Alaor. (Foto: Henrique Arakaki – Jornal Midiamax)

Outra testemunha, que disse estar no bar no momento do crime para comprar um refrigerante para uma festinha da escola das filhas no dia seguinte, afirmou ter ocorrido agressões entre réu e vítima. Entretanto, a afirmação foi questionada pelo promotor responsável, José Arturo, que disse ter “estranhado a divergência do depoimento dele das outras testemunhas ouvidas nas fases anteriores do processo”.

Isso porque, segundo os outros depoentes e a denúncia do Ministério Público, Elias e Alaor tiveram apenas discussões verbais, mas não se agrediram. O réu afirmou que não conhecia a vítima, mas no dia do crime tinha ido para o bar na intenção de comprar um cigarro.

Posteriormente, viu que tinham pessoas jogando sinuca, e resolveu ficar por lá. Ele confirmou já ter ido com a arma para o estabelecimento, “mas que era por questão de segurança, sem a intenção de procurar alguém”. Ainda em depoimento, ele relatou que comprou o cigarro, bebeu algumas cervejas – cerca de 5 ou 6 – e recebeu o questionamento da vítima.

“Durante conversa, ele [o Alaor] veio perguntar o que eu fazia, e eu disse que não era de seu interesse. Eu tava de chinela e casaco, e ele disse que eu não era ninguém, que ele andava de carro e eu de carroça. Ele veio com ofensa e falou “comigo é na bala, no tapa, resolvo assim”. Depois ele já veio em cima de mim e nos atracamos (sic)”, afirmou o réu.

Elias ainda relatou que chegou a sair do bar, no primeiro momento, após o bate-boca, mas retornou pois havia esquecido o cigarro. Foi nesse momento em que, segundo ele, a vítima começou a agarrá-lo.
Testemunhas também relataram que o primeiro tiro acertou a vítima na barriga, mas o réu alegou que achou que tivesse acertado a perna. Os policiais que atenderam inicialmente a ocorrência disseram ao juiz Carlos Alberto Garcette, por vídeo conferência, que pessoas que estavam no bar no dia do crime afirmaram que Alaor foi alvejado ao sair do banheiro.

Segundo eles, a porta da residência de Elias no momento em que e equipe chegou estava aberta, as luzes acesas e uma panela no fogo, o que serviu para considerar que o réu havia fugido dali há pouco tempo. Elias é julgado por homicídio qualificado por motivo fútil e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, visto que ele não tinha autorização para utilizar a arma.

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