Asilo onde idosos foram vítimas de maus-tratos por diretora é interditado em Campo Grande
Funcionária foi afastada por determinação judicial
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Nesta terça-feira (15), publicação no Diário Oficial de Campo Grande determinou interdição de duas instituições de longa permanência para idosos, Casa do Aconchego e Recanto Feliz. A deliberação prevê prazo de 30 dias para que as instituições se adéquem às demandas.
A princípio, a publicação do CMI (Conselho Municipal do Idoso) não prevê o fechamento dos asilos, mas determina que as inscrições ficam suspensas, garantindo direito à ampla defesa e ao contraditório, sendo obrigatório comprovar regularização. A decisão foi tomada após as instituições não cumprirem com demanda do CMI.
É garantido ainda prazo de 30 dias para que as entidades recorram da interdição.
Investigação de maus-tratos
Na Casa do Aconchego, foi denunciado caso de maus-tratos, que recentemente resultou no afastamento da ex-diretora, por determinação judicial. A decisão é do juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos.
O magistrado concedeu em parte a tutela de urgência, para afastar a ex-diretora das funções administrativas da casa de acolhimento de idosos. Ela será substituída por vice-presidente da instituição. Foi expedido mandado de afastamento.
Após as denúncias, a ex-diretora acabou afastada por meio de medida protetiva concedida pela juíza Katy Braun, da Vara da Infância e Juventude. Com isso, a ex-diretora passou a trabalhar remotamente e renunciou ao cargo de direção que ocupava.
Laudo psicológico
Foram ouvidos idosos que demonstravam estado de consciência e orientação e também um discurso coerente. Um senhor de 81 anos contou que está no local desde a fundação da casa de idosos e que lembra de todos os diretores. Ele relatou que já presenciou e foi alvo de muitas ofensas e humilhações pela ex-diretora.
Ainda segundo o idoso, “o clima na casa começou a ficar tenso desde a gestão dela”. Ele chegou a alegar que ela fazia insinuações sobre a capacidade sexual do idoso, que tem uma namorada no asilo, como forma de humilhar e expor a vítima. A namorada, de 80 anos, contou que a ex-diretora tratava muito mal os colegas. “Humilha os funcionários na nossa frente”, disse.
Já outro interno, de 70 anos, que faz tratamento para Alzheimer, relatou que chegou a contar aos familiares sobre as agressões que sofria e também a grosseria da ex-diretora. Ele lembra que foi puxado pelo braço pela mulher. Outro idoso, também de 70 anos, disse que se sentia inseguro de falar sobre o comportamento dela.
Isso porque não sabia em quem poderia confiar na instituição. Outros idosos também relataram que se sentiam acuados para contar sobre os maus-tratos. De acordo com a vítima, a ex-diretora era autoritária. O idoso chegou a contar para os psicólogos que se sentiu aliviado com a saída dela.
Ex-funcionários e funcionários também foram ouvidos e relataram que a ex-diretora denunciada maltratava a todos, bem como impunha tempo limite para as refeições dos idosos, de 15 minutos, o que fazia com que alguns não conseguissem nem terminar de comer. Eles também alegam que ela inventava histórias sobre os idosos.
A mulher é acusada de inventar que um dos idosos era abusador sexual e que teria agredido a esposa, sendo responsável por um tumor na cabeça dela. O caso não constava nem no prontuário e nem a família do idoso confirmou. Uma outra idosa estava com depressão profunda e não recebia os cuidados necessários a critério da ex-diretora.
Ela inclusive teria proibido que a paciente fosse levada a uma unidade de saúde. Como a idosa acabou piorando muito, foi levada até um posto de saúde e depois precisou ficar internada.
O que dizem os psicólogos
Na conclusão do laudo, os profissionais constataram situação de intimidação e violência psicológica da ex-diretora. “Constatou-se tratar de um caso de maus-tratos e violência psicológica com os idosos internos na instituição. Violência que era estendida aos funcionários”, diz a peça.
Ainda conforme o laudo, a maioria das ações de violência era de cunho psicológico, porém há relatos de agressões físicas. “Uma paciente chegava a pedir para morrer, porque não suportava mais humilhações e maus-tratos”. Os psicólogos identificaram que os idosos ficaram mais tristes com a direção.
“Evidenciou-se gravíssimo caso de maus-tratos contra os idosos da instituição. Ademais, prejuízos emocionais a alguns dos internos e funcionários, estes últimos, temerosos de eventual desfecho e retaliação as suas carreiras, pois desconhecem as reais influências alardeadas pela diretora”, finaliza o laudo.
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