Nesta quarta-feira (30), defesa de advogada presa na Operação Courrier do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) entrou com pedido de prisão domiciliar. Ela está presa desde a última sexta-feira (25) e é apontada no relatório policial como uma das advogadas que recebia e repassava informações obtidas por clientes do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Conforme pedido feito pelo advogado da acusada, a prisão preventiva foi decretada em dezembro de 2021, sendo que desde então ela sempre esteve em . A defesa alega que o mandado não foi cumprido perto desta data, já que o Gaeco teria solicitado prisão de mais pessoas que integravam a organização criminosa.

O recurso, no entanto, teve parte negada. Segundo a peça, ainda não foi distribuída denúncia em face da advogada, que é mãe de um menino de 7 anos, que vive e depende dela. Após a prisão, a teria ficado aos cuidados do “viúvo da avó” da advogada, que segundo a defesa não teria parentesco com o menino.

Entre outros fatos narrados, a defesa pede a substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar ou por medida cautelar diversa da prisão.

Teria recebido informação

O relatório do Gaeco aponta que, em mensagens trocadas entre a advogada e outro advogado, também preso na operação, ela teria recebido informações de um membro do PCC — que cumpriu no Presídio Federal de Brasília e estaria diretamente ligado a Marcos Willians Herbas Camacho.

Nas mensagens, ela fala sobre a suposta operação que seria deflagrada contra ela e outros advogados, integrantes da ‘Sintonia dos Gravatas’. No entanto, ela se diz tranquila, pois: “Eles não têm provas ainda”. Ela ainda afirma que, caso houvesse mandado de busca e apreensão, nada seria encontrado na casa da advogada.

Outra advogada teve pedido negado

Advogada também presa na Operação Courrier, em cidade no interior de , também entrou com pedido de prisão domiciliar. O pedido foi feito pela irmã, com quem mantém o escritório de advocacia, e que também foi citada no relatório do Gaeco como investigada.

O pedido foi feito com base no local onde a advogada é mantida presa em Bebedouro (SP), pois não seria uma comodidade condigna. A advogada foi presa enquanto viajava com a família em Olímpia (SP). O pedido foi negado pelo juiz Deni Luis Dalla Riva, da Comarca de Plantão da I Região.

Foi pontuado que o Gaeco já solicitou a transferência da advogada para a sala de Estado Maior da de Mato Grosso do Sul, no Presídio Militar. Portanto, ela deve em breve ser transferida, escoltada para Campo Grande.

Operação Courrier

Conforme as informações do relatório do Gaeco, ao menos 15 advogados são suspeitos de integrarem a facção criminosa, repassando recados entre os membros que estão presos. Entre eles, um advogado seria do estado de São Paulo e atua na defesa de Marcola, apontado como liderança da facção.

Entre os investigados também estão dois servidores da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, além de dois policiais penais, um preso na operação. Já entre os integrantes da facção que estão presos, foram apontados 5 como lideranças do PCC, que mantinham contato direto com os advogados investigados.

Troca de mensagens

É apontado pelo Gaeco que um advogado teve contato com Marcola, a partir da defesa deste. Na ocasião, o líder do PCC teria questionado sobre a remoção de presos do regime fechado da Gameleira, em Campo Grande, para outros presídios. As investigações concluíram papel importante dos advogados para a estrutura da facção criminosa.

Eles seriam responsáveis ainda por administrarem e contas do PCC, além de receberem os ‘salves’. Em uma última transferência de membros do PCC para presídios federais, Marcola teria demonstrado insatisfação, planejando atentados contra promotores de Justiça de Goiás e também de Mato Grosso do Sul.

A determinação dos atentados teria saído do presídio a partir de um integrante do PCC recentemente condenado. Este teria entregue o ‘recado’ a duas advogadas, também alvos da operação.

Envolvimento de policiais penais

Por fim, o Gaeco também cita a participação dos policiais penais. Estes estariam recebendo remuneração indevida, em troca da transferência de presos e alteração dos registros. Foi constatado que um advogado teria pagado R$ 40 mil para conseguir a transferência de um preso para Minas Gerais. No entanto, não foi identificado o servidor que recebeu o valor.

O Midiamax também já noticiou que um policial penal auxiliava o advogado. Em uma das ações, o servidor público teria agido a favor do advogado e do cliente, que estava preso. O policial penal teria articulado, em exame criminológico — de progressão de regime — a obtenção de um parecer favorável para livramento condicional do preso. Assim que conseguiu sair, o preso foi jantar e tomar um chopp com o policial penal e o advogado.

A operação cumpriu ao todo 38 mandados judiciais, em Campo Grande, Dourados, e Jaraguari. Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), Batalhão de Choque, Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e Gisp (Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário) também atuam na operação.