Operação da PF descobriu paraguaios presos em bunker de fábrica clandestina de cigarros
Paraguaios eram mantidos enclausurados por cerca de 8 meses durante a fabricação dos cigarros
Arquivo –
Operação da Polícia Federal descobriu, nessa terça-feira (19), 16 paraguaios que eram mantidos enclausurados em um bunker em uma fábrica clandestina de cigarros. Eles estavam em situação análoga à escravidão, no Rio Grande do Sul, onde foram cumpridos os mandados.
A Operação Tavares cumpriu 26 mandados de prisão, além de apreender R$ 2,3 milhões e US$ 260 mil dólares. Foram 16 horas de buscas pelos paraguaios encontrados em um bunker, que só tinha acesso por um elevador hidráulico. O local estava escondido em um chão falso com um contêiner em cima.
Foi descoberto que os paraguaios eram cooptados para o trabalho na fábrica clandestina e, quando chegavam ao Brasil, tinham seus aparelhos celulares apreendidos pelos criminosos e eram colocados nesse bunker até o fim da produção que durava em média de 6 a 8 meses.
O delegado responsável pela investigação, Wilson Klippel, disse que era um grupo muito organizado. “É uma organização muito fragmentada: os integrantes da quadrilha só conhecem, cada um, uma parte dos depósitos e locais de ação do grupo, justamente para preservá-los”.
A investigação iniciou em 2020 para apurar a prática de contrabando de cigarros na região metropolitana de Porto Alegre, quando foi identificada a organização criminosa estruturada para a produção clandestina de cigarros de marcas paraguaias em cidades do Rio Grande do Sul. Parte dos cigarros produzidos abasteceria o mercado clandestino do Uruguai e pontos de venda no Rio Grande do Sul vinculados à facção criminosa do estado.
A estimativa é que a fábrica clandestina produziria cerca de R$ 10 milhões de maços de cigarros por mês, com faturamento mensal de R$ 50 milhões. Conforme projeção da Receita Federal, os impostos, se recolhidos, atingiriam R$ 25 milhões, somente em tributos federais (IPI, PIS e COFINS).
Todos os paraguaios foram resgatados e encaminhados à Polícia Federal, onde são ouvidos. Em seguida, segundo a PF, serão ajudados pelo Ministério Público do Trabalho.
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