‘Micro-ondas’, execução e cemitério clandestino: crimes apontam rastro do PCC em Campo Grande
PCC completa 28 anos nesta terça e violência é marca de membros da facção em MS
Arquivo –
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Priscila Gonçalves Alves, Pedro Vilha Alta, Ailton Franco da Silva e ossadas encontradas em um cemitério clandestino em Campo Grande. O que estes crimes teriam em comum? Por que foram assassinados? O que se sabe sobre as vítimas?
Para a polícia, os crimes cometidos teriam deixado rastros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), que neste dia 31 de agosto completa 28 anos de criação. O casal, Priscila e Pedro, foi encontrado esquartejado e queimado em uma área, no Jardim Noroeste, no dia 16 de agosto deste ano.
Um dos corpos estava dentro de pneus, o que seria o ‘micro-ondas’ — método usado por criminosos para assassinar suas vítimas. Pedaços dos corpos também foram encontrados em sacos pretos de lixo espalhados pela área que foi tomada pelo fogo.
Neste caso, o crime teria sido cometido à revelia da facção, já que para a morte dos dois precisaria de uma autorização, o que é feito através dos ‘tribunais do crime’, onde a vítima passa por um julgamento, muitas vezes, em videoconferência onde é dada a sentença.
Geralmente, as vítimas são decapitadas e os corpos abandonados em alguma área ou até queimados — como aconteceu no caso de Priscila e Pedro. O casal teria sido esquartejado e queimado para que não fossem reconhecidos. Os dois, segundo depoimento de familiares, seriam usuários de drogas e teriam problemas com traficantes e facções. A morte seria um acerto de contas por uma ‘pisada na bola’.
Cemitério x ossada
Não é todo dia que se encontra um cemitério clandestino, e, em julho deste ano, ossadas foram encontradas no bairro Jardim Santo Eugênio. Mas, o que o caso tem a ver com o PCC? ‘X9’, ‘talaricagem’ são algumas das hipóteses levantadas para os assassinatos descobertos.
Em uma das escavações feitas por equipes da DEH (Delegacia Especializada de Homicídios), uma ossada completa foi encontrada e fragmentos de outra. Em uma das ossadas, havia um afundamento no crânio e também foram recolhidos ossos dos braços, caixa torácica e pernas. Outros ossos foram encontrados já a cerca de 1,5 metro de distância.
Nas buscas, foram usados cães e um equipamento que ajuda na localização de corpos. O equipamento já tinha sido usado em 2016, quando foi descoberto o cemitério do Nando, acusado de 16 assassinatos no Danúbio Azul.
Executado com 24 tiros
Ailton Franco da Silva, de 24 anos, foi executado com 24 tiros, no dia 10 de agosto após ser sequestrado de sua casa, no Jardim Centro Oeste. Mas, o que a morte do rapaz teria a ver com facção? Informações apuradas pelo Jornal são de que Ailton estaria envolvido com tráfico de drogas, apesar da família do rapaz negar e dizer que ele era uma pessoa ‘tranquila’ e não fazia uso de entorpecentes. Não se sabe se a execução seria por um negócio mal-sucedido de comercialização de drogas, ou ainda, falta de pagamento.
Os suspeitos estavam armados com submetralhadoras e usavam coletes, além de máscaras cobrindo o rosto. Conforme a testemunha, eram três homens que estavam em um carro prata, sendo que um deles permaneceu no veículo, enquanto outros dois foram até a porta da residência da vítima. O trio teria dito que Ailton foi “preso por tráfico de drogas”, levando ele.
As investigações dos três casos estão a cargo da DEH (Delegacia Especializada de Homicídios). Em comum, o que eles têm? Drogas envolvidas, usuários, traficantes, X9, violência nos assassinatos para deixar um recado bem claro para quem tenta ‘sacanear’ a facção.
PCC
O PCC (Primeiro Comando da Capital) foi fundado em 31 de agosto de 1993 por oito presidiários, no Anexo da Casa de Custódia de Taubaté, a 130 quilômetros da cidade de São Paulo, chamada de “Piranhão”, até então a prisão mais segura do estado de São Paulo.
No início, foi também chamado de Partido do Crime, afirmava que pretendia “combater a opressão dentro do sistema prisional paulista” e “vingar a morte dos cento e onze presos”, em 2 de outubro de 1992, no “massacre do Carandiru”, quando a Polícia Militar matou presidiários no pavilhão 9 da extinta Casa de Detenção de São Paulo.
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