Pânico no telefone: Bandidos e vítima ligaram para Jornal Midiamax durante sequestro em Campo Grande

Ligação durou quase 1 hora e revelou pânico e tensão de vítimas e sequestradores

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Sequestro durou mais de 1 hora no Coopharádio
Sequestro durou mais de 1 hora no Coopharádio

O sequestro que durou mais de 1 hora em residência no bairro Coopharádio e terminou com dois bandidos presos e duas reféns liberadas sem ferimentos, no início da noite desta segunda-feira (18), contou com exigência dos sequestradores para que a imprensa acompanhasse de perto a ação criminosa. O objetivo dos bandidos era “manter a segurança” deles e impedir que policiais invadissem a casa.

Desde o começo da ação criminosa, que inicialmente seria um assalto à residência, mas acabou em sequestro, o Jornal Midiamax foi contatado tanto por uma das reféns quanto pelos sequestradores. O contato ocorreu por telefone. 

Por volta das 17 horas, uma das duas mulheres feitas como refém entrou em contato com o Midiamax por telefone fixo. Aos prantos, a mulher dizia que estava sendo feita refém, que já havia policiais na porta da casa, mas que os homens ameaçavam atirar. A vítima pedia para que repórteres fossem até o local. Do outro lado da linha era possível ouvir as vozes dos sequestradores que xingavam as vítimas.

Nesse momento, já havia policiais em frente à residência. Cerca de 20 minutos depois, a vítima ligou novamente para a redação e dessa vez os dois sequestradores se revezaram na ligação. Descontrolados e com frases desconexas, os bandidos exigiam que os repórteres entrassem na residência. Para os criminosos, essa seria a garantia de que eles não seriam feridos.

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Rua foi fechada durante sequestro (Foto: Leonardo de França, Midiamax)

Em alguns momentos, uma das vítimas também era colocada na ligação. Muito nervosa, a mulher afirmava que sentia medo. Tiros foram ouvidos do outro lado da linha. Em certo momento, um dos sequestradores disse estar com ‘mais cinco pessoas’ na casa. Ao fim do sequestro, a Polícia Militar confirmou que eram dois bandidos e duas mulheres, de 80 e 51 anos, feitas reféns.

Todas as informações obtidas pela reportagem em conversa com os sequestradores foram repassadas em tempo real para policiais do Batalhão de Choque, que estavam à frente da negociação. A ligação também foi gravada do início ao fim. Em outro momento, a reportagem intermediou o contato entre um dos policiais e um dos sequestradores. 

Por fim, a ligação que durou mais de 40 minutos foi encerrada por orientação do Choque para que os policiais entrassem em contato com um dos bandidos. 

Desfecho

Segundo o subcomandante do Bope (Batalhão de Operações Especiais), capitão Ronaldo Moreira de Araújo, e o supervisor operacional da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), tenente Marcos do Nascimento Silva, os bandidos não feriram as vítimas e a violência sofrida foi psicológica.

Os autores ainda realizaram um disparo de arma de fogo contra a parede da casa, “pela pressão do momento”. Eles também falavam que não iam matar as duas mulheres, e exigiam a presença da imprensa e garantia da integridade física deles.

Policiais do Bope entraram na casa e o resgate durou cerca de meia hora. Não foi confirmado, contudo, se os dois conheciam as vítimas ou sabiam da rotina da residência. A Polícia Militar foi acionada para uma invasão de domicílio e, ao chegar ao local, a ocorrência transformou-se em tentativa de roubo e cárcere privado. Os autores, então, decidiram prender as vítimas na casa, fazendo-as de refém.

O revólver utilizado pela dupla, aparentemente calibre 38, foi apreendido. Um conhecido da família informou ao Jornal Midiamax que a idosa só tem um filho que reside em Campo Grande. Ele acompanhou a negociação. Os outros dois, um homem que seria morador do Paraguai, e uma mulher, de Bonito, não estavam no local.

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