Os exames de sanidade mental feitos a pedido da defesa de Clarice Silvestre de Azevedo, de 45 anos, massagista acusada de matar e esquartejar o chargista Marcos Antônio Rosa Borges, em 21 de novembro de 2020, em Campo Grande, atestaram que ela tinha capacidade de compreender o caráter ilícito de sua conduta.

O pedido foi feito já que a defesa alegava que Clarice sofria de um transtorno depressivo, e que já havia sido abusada quando criança, sendo que não tinha capacidade de discernimento de suas ações. Mas, com os resultados dos exames feitos por uma perita, ficou constatado que a massagista tinha plena compreensão de seus atos. Ela deve ir a júri popular. 

No laudo consta que, em conclusão, a periciada (Clarice) é capaz de compreender o caráter ilícito de sua conduta e de se determinar de acordo com este entendimento. Ainda percebe-se que não existe nexo causal entre a maneira como o crime foi cometido e o transtorno depressivo.

Em sua decisão do dia 27 de julho, o juiz Carlos Alberto Garcete diz: “Assim, verifico que o laudo em questão mostra-se coerente e não apresenta qualquer contradição, sendo que o mero inconformismo com o resultado da perícia não enseja por si só a realização de novo exame pericial”.

Homicídio e ocultação de cadáver

A denúncia foi apresentada em 2 de janeiro. Na manhã de 21 de novembro de 2020, Clarice matou Marcos na casa, no Bairro São Francisco. Com a ajuda do filho João Victor, ainda destruiu e ocultou o cadáver da vítima.

O relato na denúncia é de que Marcos era cliente da massagista Clarice e mantinha um relacionamento amoroso com ela. No entanto, ele não queria assumir a relação oficialmente, o que incomodava Clarice. No dia do crime, eles combinaram uma massagem e a vítima foi até a casa da autora.

Após a massagem, Marcos foi tomar banho na parte de cima da casa de Clarice. Ao sair, os dois começaram a discutir sobre o relacionamento e Clarice empurrou a vítima da escada. Em seguida, esfaqueou o chargista, o atingindo nas costas e tórax. A denúncia aponta que Marcos permaneceu agonizando no local e Clarice colocou um lençol sobre o corpo dele.

Ela saiu para comprar sacos de lixo, já com a intenção de ocultar o cadáver da vítima e ligou para o filho. O rapaz foi até a casa da mãe e os dois cortaram o corpo de Marcos em várias partes, lavaram e colocaram em sacos e depois em malas de viagem. Mãe e filho levaram o corpo da vítima até o Jardim Tarumã, após pedirem corrida por um aplicativo.

Eles esconderam as malas, esperaram até a madrugada e atearam fogo. Clarice saiu da cidade e só foi presa em São Gabriel do Oeste. Após a prisão, ela confessou que agiu por ódio vingativo e ciúmes da vítima porque queria que o relacionamento fosse oficializado.

Clarice foi denunciada por homicídio triplamente qualificado, por meio cruel, motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima, além da destruição e ocultação de cadáver. O filho foi denunciado pela destruição e ocultação de cadáver.